Dom Romualdo Matias Kujawski
Bispo Emérito de Porto Nacional  (TO)
“E, ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo. Porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados”. (Mt 24, 12-13, 21-22)
Nós podemos observar que tem caído sobre a Igreja um grande abatimento, cujas causas são diversas, mas gostaria de destacar um em especial: o tempo! Principalmente a questão da falta de tempo, associada ao cansaço, medos, inseguranças, consumismo exacerbado, entre outros. Isso tem feito com que as pessoas se afastem cada vez mais de sua fé, arrefecendo também a esperança e a caridade.
Mas, onde está o problema? talvez, além do enfrentar a lógica do mundo liberal positivista, onde não há lugar para Deus e a força do consumismo desenfreado cresce cada vez mais, percebe-se que ainda estamos numa época da cristandade que possui uma percepção da Igreja Católica, especialmente em sua dimensão hierárquica. Porém, o Conselho Vaticano II, em sua Constituição Lumen Gentium, afirmou claramente a igualdade, na dignidade, de todos os batizados(as): “as condições do nosso tempo tornam ainda mais urgentes este dever da Igreja, para que deste modo, todos os homens, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo”.(LG, 1)
Somos Povo de Deus, isto é, pertencemos ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. Neste contexto, o sacerdócio ministerial hierárquico funciona em prol ao serviço ao Povo de Deus, estimulando a evangelização e preservando o depósito da Revelação, na pessoa do Papa.
Sendo assim, o resgate da identidade de pertença, verifica-se na consciente expressão: “sou batizado(a) e, com modesto orgulho, pertenço a minha Igreja Católica. Sinto-me responsável pelo crescimento desta Igreja, estou inserido nas diversas pastorais, pois esta Igreja é a minha casa! Cristo é o meu caminho e a vida, e a fé determina todos os meus atos morais. Por isso, estou disposto a carregar as alegrias e as cruzes desta vida, sempre iluminado pela Palavra de Deus.”
Diante dessa análise, podemos perceber que esse caminho perpassa pela conversão pessoal e vocacional: Deus existe! Jesus Cristo é Senhor, meu Salvador. Amando-o, enxergo as necessidades de nossos irmãos e irmãs, buscando fortalecer nossas pastorais sociais.
É o Senhor quem sempre determina a identidade do batizado(a)! Faço minha prece a Deus para que, hoje, este católico(a) batizado(a) tenha a humildade de ouvir a voz de sua Igreja, na pessoa de Pedro dos nossos tempos, o Papa Francisco, Bispo de Roma.
Resumindo, nas vésperas da segunda sessão do Sínodo, somos convidados a entrar em permanente estado de escuta ao que o “Espírito Santo diz à Igreja”, nesse convite que proposto para percorremos esse caminho para que, de fato, a Igreja seja sinodal, através da comunhão, participação e missão. Somos convidados a fazer uma reflexão pessoal, crendo na esperança da vitória do Amor do Crucificado, esperando que caiam sobre nós as graças renovadoras do Jubileu do ano de 2025.
Caros irmãos, Deus nos permite, através de Seu Filho morto e vitoriosamente ressuscitado, redescobrir a nossa identidade eclesial, nesse sentido de pertença, para nos tornar n’Ele, sal da terra e a luz do mundo.
Animus Sancte Spiritus
Com a minha benção,
								
								