Estive na Grécia, na Turquia e na Síria. Fiquei impressionado como os grupos religiosos convivem pacificamente. Diferentemente do que se vê propalado por uma espécie de mídia negativista, há grande respeito da maioria maometana por outras minorias, incluindo a cristã católica ou ortodoxa. Por aqui, estranhamente, surgem pessoas ou grupos açodados, reascendendo a ideologia do Estado laico, em evidente tentativa de desconsideração à fé das pessoas simples que frequentam igrejas em locais humildes. Cito o caso da igreja adventista da Ilha do Bispo, na Capital.

Independentemente do estilo de fé professada por esta ou por aquela denominação, a tentativa de demolição de templos, em nome de uma lei, desconsidera a Igreja como instrumento comunitário. A lei de ordenamento urbano é legítima. À fina força fazer a lei retroceder “pratrazmente” de 30 anos é desconsiderar o valor das implicações sociais mantidas por igrejas pobres. Ora, elas mantêm projetos de promoção humana tais como creches, organizam serviços voluntários, através dos quais previnem ou libertam jovens dos vícios e recuperam os elos familiares.

A demanda judicial deve reconsiderar um acordo. Nenhum pastor visa privilégios para o seu povo ao arrepio das leis que evitam conflitos de interesse e visam a organização dos espaços da cidade. O desrespeito às pessoas simples significa intolerância intransigente. Isto geralmente induz à violência. Ao que parece, quem promove confusão e ódio religioso são os que querem à fina força fazer prevalecer um parecer judicial. Entretanto, um parecer pode ser discutível. O que deve prevalecer é um ajuste de conduta, acatado com bom senso.

O sentimento religioso é de natureza pessoal, subjetiva, variando conforme a individualidade, devendo ser respeitado. Politicamente considerada a querela, o MP consegue prestar um incalculável deserviço à imagem do atual gestor municipal, fato que ninguém deseja. Antes, o desejo é evitar a exploração politicizada do fato. Que  mal causa ao povo pobre da Ilha do Bispo um pequenino templo? Que proveito o povo vai ter com a sua demolição? A igrejinha não é espaço comunitário se já recuperou tantos lares e tanta gente está feliz por orar com amor?

Para que simplificar a vida se a gente pode complicá-la?

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