Ontem celebrei missa às 18 horas na Capelinha do Bispado. Do ato litúrgico participaram doze pessoas que, no final da missa, foram enviados para uma missão especial durante a quaresma.

Os pormenores desse trabalho missionário foram definidos no momento da homilia, com a participação dos presentes. O ponto alto desse trabalho vai ser uma missa, celebrada por mim, em todas as sextas feiras da quaresma, nas periferias mais afastadas. Um ato litúrgico um tanto demorado, mas muito rico, com a participação de todos no momento da homilia e com sorteios no final da missa. O que nos garante o bom êxito e os grandes frutos dessa celebração é a sua zelosa preparação que consistirá nas visitas que serão feitas a vinte famílias, convidando-as para a missa. A equipe dos doze, encarregados da visita, tem experiência e conhecimentos necessários do modo de abordar as pessoas com o devido respeito e ardor missionário.

Esse contato com os pobres e sofredores vai ser a nossa prática quaresmal. Já nos dizia a primeira leitura da missa de ontem: “O jejum que eu prefiro é quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição.” (Is. 58,6). No versículo seguinte, o profeta especifica que o melhor jejum é “repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos”. O contato com os pobres sempre nos será benéfico.

Conheço um bom número de irmãos – alguns deles são meus companheiros nas visitas aos carentes – que se tornaram mais abertos, mais humanos e generosos a partir dos contatos com os carentes. Os nossos irmãos, principalmente os mais carentes dos bens do corpo ou do espírito, devem ser os mais favorecidos pelos benefícios de nossa penitência quaresmal. Nossa penitência nos ajuda a termos domínio sobre nós mesmos e nossos apetites desregrados.

O trabalho quaresmal que faremos, a partir da missa a ser celebrada na periferia na próxima sexta-feira, dia 06 de março, muito nos ajudará a estreitar os laços do verdadeiro amor fraterno e da caridade pastoral entre nós, os treze agentes dessa tarefa pastoral.

Esse contato com os humildes e carentes, enriquecido pelo aberto diálogo que teremos com eles, vai nos ajudar a esclarecer e atualizar certos valores da quaresma. Por exemplo, qual o valor do jejum nos tempos antigos e nos dias de hoje? Diante do mundo das imagens, perigosas e fascinantes, qual deve ser o comportamento do bom cristão? Acredito que o jejum dos olhos é uma forma atualizada de se praticar o jejum quaresmal. Todos nós estamos bem conscientes que o uso indiscriminado da TV, principalmente da parte dos adolescentes e das crianças, vem se tornando um germe destruidor de todo princípio moral e religioso. Essa praga destruidora está exigindo reação forte e corajosa da parte dos bons cristãos. Então descobriremos que os MMCS, de modo especial a TV, vem exercendo uma tremenda influência em nossa imaginação, no modo de pensar, em nossas orações, em nossa fantasia.

Nesta quaresma, não seria bom um JEJUM da TV?

Dom Antônio de Sousa

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