João Paulo II – Recordação

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)

Noticiou-se no Jornal televisivo e nos jornais impressos que o Santo Padre Bento XVI está para beatificar o Papa João Paulo II. Um articulista da Folha de São Paulo, (15.XII.11) que desconhece os trâmites da Igreja no estudo de uma vida de santo em vista da canonização, interpreta a determinação do Papa atual nesta decisão sobre João Paulo II como “orientação política de seu pontificado”! Infeliz miopia. Uma causa de beatificação e canonização de um novo santo tem regras rigorosas próprias, além da exigência de milagres cientificamente comprovados por médicos e peritos. Miopia e ignorância do articulista. Lamentável…

O milagre, no caso atual, foi a cura de uma freira francesa, Marie Normand, do mal de Parkinson, cura examinada pela junta médica que atestou não ser tal cura, neste caso, explicável pela ciência. Foi o milagre que Bento XVI aceito para consolidar o processo atual.

Tenho a felicidade de, na visita “ad limina” que o bispo diocesano tem de fazer ao Papa em cada qüinqüênio, ter tido encontro pessoal com João Paulo II. Tinha ele sobre a mesa, aberto, o mapa de Minas e me pediu para, com uma caneta, mostrar-lhe os limites da Arquidiocese. Naquela época, a Arquidiocese de Uberaba chegava até o Mato Grosso. Só depois, com a criação de Ituiutaba como diocese é que a parte geográfica Frutal até a fronteira do Mato Grosso passou para a diocese de Ituiutaba.

Na época em que completei cinqüenta anos de sacerdócio, concelebrei com João Paulo II na sua Capela particular e após a Missa, recebi de suas mãos uma cruz episcopal dourada que guardo como relíquia e uso-a nas Missas solenes com respeitosa devoção. Guardo as fotos não só da Missa com João Paulo II mas também do momento em que me presenteou com a cruz episcopal e estou com ele no altar.

Aguardo pois a beatificação deste Santo Padre com filial devoção e conto com sua proteção celeste para minha fidelidade ao Senhor Jesus, como pessoa consagrada. Mesmo já não tendo a responsabilidade pastoral da Arquidiocese – como bispo – desejo servir a Igreja arquidiocesana, enquanto tiver vida.

Que o Papa João Paulo II continue, lá das alturas, protegendo nossa Arquidiocese na missão e as famílias cristãs na sua caminhada sempre difícil na vida atual.

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