Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo de Niterói
Não houve na História outro século mais inventivo que o século XX.
Um jornal da passagem de século relatava que tamanhas foram as descobertas e invenções do século XIX, que seria difícil imaginar o que o novo século traria. Isso, porque, em 1900, eles ainda não conheciam o avião, a penicilina, o celular, a televisão, o computador portátil. Eles ainda não tinham Internet!
O século XX trouxe todas as engenhocas que transformaram a vida e lançaram um novo olhar do humano sobre si mesmo.
Nesse quesito, as duas grandes guerras envolvendo, praticamente, todos os continentes, estrearam o aeroplano, a bomba atômica e o horror dos campos de extermínio, como instrumentos de carnificina e destruição total. Era a pujança da morte, com requintes nacionalistas.
Fomos capazes. E se não aprendermos, ainda seremos. Nossos limites não têm limite para o mal, mas também para o bem.
Tanto assim que, no entre guerras, logo em 1920, nascia um menino que viria transformar o olhar do mundo sobre si mesmo: Karol Józef Wojtyła, cuja vida começou na Polônia, a 18 de maio de 1920, e terminou no Vaticano, em 2 de abril de 2005.
Entre uma data e outra, o mundo foi seu campo de atuação e, cá entre nós, o mundo foi pequeno para ele. É que não existia, na esfera do conhecido, algo que pudesse abarcar a latitude e a longitude do seu olhar. Por isso, ele voltou o olhar para o alto, para o mais alto, para o que se situa além de tudo o que o pensamento consiga alcançar.
Conhecemos e convivemos com o Papa João Paulo II – um homem extraordinário, que extrapolou os limites do considerável, a quem chamamos de Santo, sempre com a sensação de ficar devendo algo à sua memória.
Que seu centenário de nascimento impulsione novas dimensões no agir e no ser. Que esse homem do futuro nos ensine a enxergar o presente. Em profundidade!