Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Na Vigília de Pentecostes, somos motivados a acolher, com a mente e o coração abertos, o dom do Espírito Santo. Ele vem em socorro de nossa fraqueza e acende em nós o amor e a alegria de sermos a assembleia amada de Deus. A Palavra de Deus desta Vigília previne contra as divisões, sustenta nossa esperança e sacia nossa sede com a água viva que Jesus nos oferece.
Na primeira leitura – Gn 11,1-9 – a cidade de Babel é o símbolo da opressão e da violência dos grandes impérios da Mesopotâmia. Com a empreitada da torre, os seres humanos querem se igualar a Deus – atingir o céu – e ser famosos. É a arrogância humana que provoca confusão e divisão, projeto oposto ao desejado por Deus.
Na segunda leitura – Rm 8.22-27 – o Espírito de Deus vem em socorro de nossas fraquezas. Ele é o apoio para nossa fé e nossa esperança. Os cristãos que vivem uma relação filial com Deus, graças ao dom do Espírito, escutam os gemidos da criação e os convertem em respeito à natureza, nossa casa comum.
No Evangelho – Jo 7,37-39 – na festa das Tendas ou dos Tabernáculos, festa da luz e da água, Jesus se apresenta como fonte de água que sacia as mais profundas necessidades humanas. A sede é expressão básica de necessidade humana de viver. A Palavra de Deus é a água viva que sacia quem a acolhe e a vive.
Na Festa das Tendas, os judeus ofereciam a Deus as primícias – os primeiros frutos – da ceifa, rendendo graças ao Senhor pelo dom da boa colheita, da abundância. No oitavo dia, o mais solene da festa, o sumo sacerdote retirava água da fonte de Siloé e aspergia o altar do Templo, invocando outro dom de Deus: a chuva. Dom necessário para que pudesse ter novamente boas e grandes colheitas. Neste contexto, Jesus de pé no Templo, se declara a fonte de água viva, fonte do dom do Espírito Santo, proclamando: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. A pessoa que crer nele beberá da água que Ele dará e, do seu interior – do seu coração – , jorrarão torrentes de água viva (Jo 4,14), a água do Espírito Santo, dom de Deus. A recepção do Espírito Santo dependia e ainda depende da fé em Jesus, glorificado na Cruz e ressurreição.
O Evangelista, assim, esclarece o sentido da água que brotou do lado de Jesus, elevado na Cruz (Jo 19,34). Depois de exaltado, à sua comunidade e a cada pessoa de fé, Jesus ressuscitado doou e doa perenemente o Espírito Santo (Jo 20,22).
Nós recebemos, pela fé em Jesus, os dons do Espírito Santo e nosso coração se torna portador da Água Viva. É canal do Espírito Santo para si e para os outros, quem pratica as obras indicadas e ensinadas por Jesus. Que nunca falte em nossas vidas os dons do Divino Espírito Santo!