Os jovens possuem uma vocação que luta pela defesa da vida. E é nesse chamado que se encontram as ações juvenis no contexto da Campanha da Fraternidade 2019. Ao mesmo tempo em que há mobilizações em vista das políticas públicas, é promovida uma campanha nacional de enfrentamento aos ciclos de violência contra a mulher.
A motivação dos jovens para o envolvimento na Campanha da Fraternidade parte do convite da Igreja de, assim como Jesus Cristo, serem protagonistas de suas histórias e que não se acomodem “diante das desigualdades que crescem a cada dia, e a nos unirmos para a construção de uma ‘civilização do amor’.
A Pastoral Juvenil do Brasil, estruturada no âmbito da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), já está envolvida com a temática das políticas públicas desde 2018, quando foi lançado o projeto de evangelização IDE, que trabalha com cinco eixos norteadores: Missão, Formação, Estruturas de Acompanhamento, Ecologia e Políticas Públicas.
Dom Nelson Francelino, bispos de Valença (RJ), aponta para a próxima Romaria Nacional da Juventude, marcada para 27 de abril, em Aparecida (SP), como momento de encontro, partilha, união e relação da pluralidade juvenil em vista do compromisso com políticas públicas, ecologia e na perspectiva missionária para “dar a nossa contribuição para uma cultura que, cada dia mais, vá neutralizando esse poder de morte de destruição e possa ir promovendo a cultura da vida”.
O bispo membro da Comissão para a Juventude da CNBB recorda que a Pastoral da Juventude tem abraçado a pista de ação contra o feminicídio. É a Campanha nacional de enfrentamento aos ciclos de violência contra a mulher, que nasceu a partir da necessidade de uma mobilização organizada da juventude para debater e traçar estratégias de enfrentamento sobre todas as pautas que trazem presentes os direitos das mulheres.
“Estamos em uma sociedade que acomete contra as mulheres vários tipos de violência, sobretudo aquelas enquadradas na Lei Maria da Penha: física, sexual, moral, patrimonial e psicológica. Nós acreditamos que só haverá uma nova sociedade, quando houver liberdade e igualdade para nós mulheres”, afirma a jovem Daiane Queiroz, de 21, da diocese de Marabá (PA).
Referência no GT da campanha da PJ no regional Norte 2, a estudante de Saúde Coletiva na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará explica que a PJ do Brasil caminha junto, procurando compreender as diversas realidades existentes no país, “pois existem vários grupos que ainda são esquecidos, e é até eles que queremos chegar, que são grupos mais vulneráveis – as mulheres periféricas, negras, indígenas, camponesas, quilombolas – debatendo nos grupos de base, o que são as violações de direito, o que é o machismo e como ele está enraizado, como agir diante de uma situação de violência, através de rodas de conversa, seminários, congressos, caminhadas, dentre outras ações”.
Os grupos têm promovido parcerias com diversos setores da sociedade que desempenham um papel contra a violência, como os movimentos sociais, órgãos municipais e estaduais, nas Câmaras e Assembleias Legislativas. “Tudo isso, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, que é o exemplo de acolhimento e amor, e é isso que nos envolve de esperança, pois entendemos que essas ações são passos importantes para a construção de uma nova sociedade, que garanta direitos, justiça e igualdade para todos e todas”, afirma.
No regional Sul 1 da CNBB a campanha que enfrenta a violência contra a mulher está somada à reflexão sobre a questão das políticas públicas. Para o padre referencial da Pastoral Juvenil no regional, padre Reginaldo Martins da Silva, é marcante o papel das juventudes, “trazendo o protagonismo juvenil dentro das cidades e das dioceses e aí a implementação na cidade do Conselho Municipal de Juventude. Isso tem sido um ganho muito grande para muitas dioceses, muitas cidades que tem feito essa experiência”.
Na diocese de Itapipoca (CE), os jovens estão inseridos nos conselhos de meio ambiente, juventude, criança e adolescente dos municípios da região, motivados pela proposta de protagonismo em todos os ambientes em que se encontram. O jovem Francisco Gelmo Pinto de Sousa, de 24 anos, é coordenador diocesano da PJ na diocese de Itapipoca e preside o Conselho Municipal de Juventude do município.
Para ele, pensar em políticas públicas para as juventudes é um desafio: “Ainda hoje no Brasil, mesmo diante de alguns avanços, a gente entende que a política pública de juventude ainda é algo que precisa ser visibilizado, fomentado e executado, tanto pelo poder público, quanto pela sociedade civil”. Gelmo sustenta que é necessário que o jovem, principalmente aqueles que estão inseridos nos movimentos pastorais católicos, “estejam dentro desses espaços dos conselhos municipais de juventude, dos conselhos de direitos, nos coletivos, nos movimentos sociais e principalmente fazendo uma reflexão a partir da sua realidade concreta e propositiva para pensar em como superar os desafios que atingem a vivência dos jovens”.
Ouça um pouco da experiência da juventude de Itapipoca relatada por Francisco Gelmo: