Jubileu de Prata da Rádio Catedral 

Cardeal  Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o do alto dos telhados. (cf, Mt 10,27)

Há 25 anos o meu amado predecessor, Eminentíssimo Cardeal Eugênio de Araujo Sales abençoou o início das atividades da Rádio Catedral FM, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro no dia 8 de dezembro. Queremos agradecer a Deus pela meritória iniciativa do Cardeal Sales de levar o Evangelho pelas ondas radiofônicas. Ele teve uma grandiosa presença nos meios de comunicações em geral e, com uma equipe de assessores, padres, voluntários, benfeitores e tantos outros, ele iniciou esse belo trabalho de implantar a comunicação em nossa Arquidiocese.

Na atualidade existem inúmeras formas de o homem interagir com seu interlocutor e com a sociedade em geral através da eficiência da comunicação. Hoje temos na Arquidiocese o Sistema Arquidiocesano de Comunicação, composto pela Rádio Catedral, WebTv Redentor, Jornal Testemunho de Fé, site da Arquidiocese e da Rádio e todas as mídias digitais. Agradecemos a Deus a iniciativa de iniciar e levar avante esse grande empreendimento. É de muita importância a existência daquela que deu início a tudo isso, a Rádio Catedral da nossa amada Arquidiocese, que ajuda na evangelização de nossa Igreja e de nosso Estado.

Hoje a tecnologia se reproduz em milhões de megabytes e terabytes por horas. Muitos profissionais parecem respirar e se alimentar com os dedos sobre os teclados para vencer novas etapas, criar novos caminhos e, porque não, competição entre eles. Urge a necessidade de se aproveitar estes “engenheiros” que manipulam todas as tecnologias existentes e as novas que vão sendo criadas diariamente para investi-los na força da comunicação. Os “amigos da rádio” são os grandes patrocinadores dessa missão, por isso, recebem os merecimentos de missionários. É muito bom ouvir em todos os cantos da Arquidiocese: sou ouvinte da rádio, faço parte dos amigos da Rádio, etc. Ao povo que nos ouve e aos que colaboram com os “amigos da rádio”, o convite para que neste tempo de gratidão o nosso coração transborde de paz.

Através dos transmissores e do aplicativo da rádio podemos levar nos ambientes mais longínquos a Boa Nova do Reino de Deus. Antigamente uma emissora de rádio usava transistores e enormes antenas sobre os telhados. Hoje um chip “nano” faz com que o ouvinte possa sintonizar e acompanhar a emissora que lhe interessa de qualquer lugar do mundo. A rádio é uma plataforma de partida que conduz o ouvinte pelo caminho do aprender e ensinar.

Como é interessante entrar num transporte coletivo (ônibus, trem, metrô, van, taxi, etc.) e observar o comportamento das pessoas. Obviamente que predomina a classe jovem, mas também tem pessoas mais idosas que estão ligas com seu fone de ouvido para acompanhar as primeiras notícias do dia e/ou ate para saber como será o transito até o destino ao trabalho ou universidade.

Outro elemento que chama muito a atenção é acompanhar alguém que está há dias, semanas ou meses no leito do hospital ou em sua própria casa. Sempre querem uma rádio ligada para saber o que está acontecendo na cidade, país ou no mundo. A maioria quer acompanhar a Santa Missa e rezar vitualmente já que a imobilidade física transitória não permite sua locomoção até as próximas igrejas. Esta pessoa teria acesso a estas informações se não fosse o rádio?

Além dos enfermos e idosos, para muitas pessoas que trabalham desde cedo à noite em pleno sábado ou domingo e não tem acesso a uma igreja tem nas mídias uma possibilidade de acompanhar as celebrações e nutrir a Fé. Essa é a missão de nossa Rádio Catedral, levar a boa notícia do Evangelho. O Brasil será mais nobre com as milhões de informações e parcerias que serão criadas. Como é maravilhoso ouvir nas praças ou calçadas pessoas comentando assuntos que ouviram pela rádio pertencente a alguma diocese por aí.

A programação da nossa Rádio Catedral preza pela qualidade, imparcialidade e honestidade em seus conteúdos de informação. Ali também entra a questão da espiritualidade catequética sem promover o proselitismo.

A Rádio Catedral também completa a solidão, preenchem os vazios, tristezas, angústias. Com o rádio ligado uma dona de casa – por exemplo – continua sua atividade e faz com que o conteúdo que está ouvindo faça-a interagir com seus problemas e transtornos.

Hoje se debate muito entre o presencial e o virtual. Para vários grupos fora da área da comunicação é um tema fundamental, porém, para os profissionais da comunicação esta reflexão/disputa está superada. O virtual, muitas vezes atende a comunicação interpessoal de maneira mais eficiente que o presencial. Porém, ele nos conduz ao presencial, à participação, à presença na liturgia. A comunicação pelo rádio tem seu lugar, seu espaço, grade de programação e milhares de ouvintes. Isso tudo colabora para uma criação de redes sociais.

Nossa Rádio Catedral preza pela qualidade de seus profissionais que nela trabalham eticamente, seguindo com afinco o pedido da Igreja pelo Papa Francisco: “Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, «moem» tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação. A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”. (https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/papa-francesco_20170124_messaggio-comunicazioni-sociali.html, último acesso em 23 de novembro de 2017).

A Rádio Catedral, nestes vinte e cinco anos, cumpriu a sua missão de levar pelas suas ondas a boa notícia, como salienta o Papa Francisco: Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (Mc 1, 1). É com estas palavras que o evangelista Marcos começa a sua narração: com o anúncio da «boa notícia», que tem a ver com Jesus; mas, mais do que uma informação sobre Jesus, a boa notícia é o próprio Jesus. Com efeito, ao ler as páginas do Evangelho, descobre-se que o título da obra corresponde ao seu conteúdo e, principalmente, que este conteúdo é a própria pessoa de Jesus. Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que nunca pode esquecer os seus filhos. «Não tenhas medo, que Eu estou contigo» (Is 43, 5): é a palavra consoladora de um Deus desde sempre envolvido na história do seu povo. No seu Filho amado, esta promessa de Deus – «Eu estou contigo» – assume toda a nossa fraqueza, chegando ao ponto de sofrer a nossa morte. N’Ele, as próprias trevas e a morte tornam-se lugar de comunhão com a Luz e a Vida. Nasce, assim, uma esperança acessível a todos, precisamente no lugar onde a vida conhece a amargura do falimento. Trata-se duma esperança que não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5) e faz germinar a vida nova, como a planta cresce da semente caída na terra. Visto sob esta luz, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível também duma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir. (https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/papa-francesco_20170124_messaggio-comunicazioni-sociali.html, último acesso em 23 de novembro de 2017).

O Papa Francisco, quando esteve na JMJRio 2013, usou os microfones dos estúdios da Rádio Catedral (primeira entrevista do Papa a uma Rádio, e ao vivo) para levar a sua bênção a todos os nossos radiouvintes. Orações, transmissões de missa ao vivo, reza do terço, novenas, jornalismo de qualidade, música de todos os ritmos e a alegria do frescor do Evangelho são a missão da Rádio Catedral em favor da construção de uma civilização do amor.

Nestes 25 anos cumprimos a missão dada por Cristo a Igreja e a cada um de nós, de sermos arautos da esperança, sempre esperando no Senhor e modificando a nossa vida conforme o que pede o Evangelho. A todos, funcionários, colaboradores, amigos e admiradores da Rádio Catedral nossa gratidão e nossa oração de ação de graças pedindo que São Sebastião continue abençoando a nossa Rádio para que ela continue a sua missão de evangelizar e anunciar a boa notícia que gera paz e concórdia. Feliz jubileu de prata a todos que estão prestigiando ou servindo à Rádio Catedral do Rio de Janeiro!

 

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