Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Jesus: hoje celebramos o teu natal, memorial da encarnação do Filho de Deus feito homem. Entanto a referência cristã do Natal se esvazia, mas, queremos avivar seu verdadeiro significado no nosso coração. Nossos veteranos reuniam toda a família em torno da tua lapinha. Conhecedores dos autênticos valores da vida, transmitiam para os mais novos o sentido do teu mandamento de amor reconciliador.
Falar a respeito dos valores da família era a principal mensagem do Natal. Ensinavam que a vida é feita de sacrifícios e que nem sempre a vida é como a gente pensa e quer. Aprendíamos com eles a viver a vida de forma coerente, estudando e trabalhando. Vida simples, honesta, leal. Junto à lapinha, palavras de preces misturavam-se às lágrimas de gratidão a Deus e aos abraços de carinho e respeito, uns pelos outros.
A expressão de bem querença dispensava exterioridades frívolas, disfarçando uma vida artificial, entupida de fofocas, vaidades e blefes. No Natal agradeciam a Deus e lhe pediam saúde para trabalhar e, com a sua bênção, conservar a unidade na família. Era tudo o que eles pediam a Deus!
Essa cena que se repetiu por vários anos preenchia o desejo do nosso coração. Crianças, jovens, adultos oravam de mãos dadas. Lágrimas de gratidão e saudades pelos que se foram. Éramos felizes sem as imposições de um mundo consumista. Gerações e gerações cultivaram a felicidade de se ter uma família. O grande valor referencial era a família, não a moda.
Sentimos saudades dos natais de outrora junto às nossas raízes familiares. Gente humilde, íntegra. Que estejam na luz da tua bondade, estando presentes em nossa vida por outra forma, que somente tu sabes. Por isso nós te agradecemos Senhor Jesus, pequenino grande!
Jesus: tua lapinha evoca o sentimento solidário, representado pelos pobres e ricos, pastores, reis magos. Nossos avós ensinaram a não discriminar ninguém nem julgar pelas aparências. Jesus: abre nossas mãos e nosso coração que por vezes se fecham em atitudes de egoísmo grosseiro. Isso provoca um remorso insuportável. Tu que vieste para todos e não rejeitas ninguém, abate o muro das discriminações pessoais e sociais.
Faze-nos compreender a pobreza de espírito. Desapega nosso coração de tanta coisa de que não precisamos. Tua que és a Luz envia o teu Espírito sobre a humanidade espantando as trevas dos ciúmes, invejas, vinganças, rivalidades. Uma fagulha do teu amor infinito pode abrasar o coração do teu povo. Revigora as nossas raízes familiares! Que aceitemos somar pela força construtiva do amor e do trabalho. Amém!