Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)
A atual situação da juventude tem sido objeto de muitos estudos e de inúmeras iniciativas por instituições da sociedade civil, órgãos públicos e Igrejas, reconhecendo valores e apontando graves problemas, mas, acima de tudo, mostrando ser possível ultrapassar o nível do discurso traduzindo-o em ações efetivas pela juventude.
São divulgados, frequentemente, tristes notícias e dados alarmantes sobre a juventude, como consumo e tráfico de drogas, alcoolismo, violência e criminalidade, com um número assustador de dependentes de drogas, de menores infratores e de presidiários jovens. É urgente adotar respostas mais abrangentes e efetivas, especialmente políticas públicas voltadas para a juventude, para o enfrentamento dos problemas, que não se reduzem a questões teóricas. A vida de jovens está em causa, trazendo sofrimento para as famílias e repercutindo duramente na sociedade.
Ações efetivas e duradouras não podem ser pensadas sem os próprios jovens e sem a devida consideração do contexto sociocultural no qual estão inseridos. Embora reconhecendo o seu potencial de transformação social, é preciso ter presente que no universo juvenil repercutem problemas sociais antigos e novos.
Neste quadro complexo surge inevitavelmente a pergunta sobre o que fazer. Dentre as muitas posturas a serem cultivadas e tarefas a serem concretizadas, algumas necessitam de especial atenção: 1º – Os jovens devem assumir a sua condição de sujeitos construtores da vida e da história; para tanto, é necessário valorizar suas potencialidades, abrir espaços para a sua participação nos diversos campos, confiando-lhes responsabilidades, e estimulando o caminhar juntos. 2º – A juventude necessita de formação que não se reduza à capacitação para o mercado de trabalho, mas contemple uma educação integral, que inclua as diversas dimensões da pessoa humana: humano-afetiva, intelectual, social, ética e religiosa. Nesta perspectiva, destacam-se a educação para a liberdade responsável, respeitando-se o direito de ser jovem, e a reflexão sobre o sentido da vida, que encontra a sua resposta mais profunda no âmbito espiritual. A formação ética e religiosa não pode ficar excluída do universo juvenil; ao contrário, torna-se ainda mais relevante num contexto sociocultural de crise de sentido e de relativismo. 3º – Educadores e assessores são muito necessários para atuarem junto aos jovens, especialmente, no meio daqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade. A formação de educadores e assessores para trabalhar com a juventude é uma das principais tarefas na atualidade, nas comunidades e espaços juvenis.
Apesar das graves dificuldades, não faltam sinais de esperança e de vida nova, com a participação dedicada e responsável dos próprios jovens no enfrentamento dos problemas.