Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
No dia 28 de agosto lembramos, na memória de Santa Mônica, padroeira e inspiradora das mães, que rezem pelos seus filhos e para os grupos que acolhem as pessoas que sofreram perdas ou se tornaram vítimas da violência. Na sociedade atual, perpassada pela agressividade e o discurso de ódio, que banaliza a barbárie homicida e desagregadora, contar com esses oásis de mães consoladoras e intercessoras é uma dádiva para quem precisa de cura, aconchego e compreensão.
A cultura de paz, e da não violência, se inicia com um olhar misericordioso e desarmado de pessoas orantes que buscam, antes que nada, oferecer um refúgio espiritual e afetivo às pessoas que beiram o desespero e a desolação por perdas ou situações de impacto emocional grave e por vezes de crueldade.
A presença de Mônicas, que choram juntas, secam as lágrimas e soerguem os caídos e quebrantados, mostra a força do mutirão matricial, de mães unidas como as famosas Mães de Maio, em Buenos Aires, que, com seus encontros diários na Praça Central da capital portenha, foram criando uma consciência de resistência e de resgate pela vida dos filhos ou pelo menos da verdade do seu desaparecimento.
Ou a mãe bíblica dos Macabeus, que incentivava, com ardor, a seus sete filhos, a permanecerem fiéis e coerentes aos valores da liberdade do seu povo. As lágrimas tornam-se uma bem-aventurança quando, limpando-nos os olhos e as percepções, nos transformam em pessoas compassivas, lúcidas, e profetas de uma nova civilização, sem excluídos, violentados/as e desaparecidos/as.
Assim, como Santa Mônica ajudou na conversão de seu filho, tornando-o um gigante da fé e da graça, a perseverança de uma mãe que nunca desiste é certamente uma das mais belas e fascinantes provas e marcas da Providência divina que triunfa através do amor incondicional, permanente, fiel e imortal das mães que serão sempre as construtoras e artífices da paz, indispensáveis, gerando vida e tecendo vínculos inquebrantáveis de ternura, que tornam a Terra mais semelhante a um paraíso.
Que o Deus da vida, que também tem entranhas e coração de Mãe, como indica o profeta Isaías, proteja e ilumine sempre as mães que rezam, e se entregam totalmente por seus filhos! Deus seja louvado!
