Os sacerdotes da Igreja Católica vivenciam uma experiência especial porque o Ano Sacerdotal os ajuda a se verem no exercício de seu ministério e os traz para mais perto dos corações e dos lábios dos fiéis. De fato, os sacerdotes têm a oportunidade de se colocar diante de sua condição de ministros ordenados, conscientes da exata dimensão do seu ministério sacerdotal. Reconhecidamente, o Ano Sacerdotal contribui para que cada sacerdote tome consciência da sua consagração, estimulando-o em sua perseverança, ressalta a importância do presbitério na sua vida, e fala àquele que se distanciou do sentido do sacerdócio, chamando-o à fidelidade, à luz da exortação de São Paulo a Timóteo – “Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que está em ti” (2 Tim l, 6). O forte apelo do tema do Ano Sacerdotal – “Fidelidade de Cristo. Fidelidade do Sacerdote” – deve continuar ecoar permanentemente na vida de cada sacerdote.
As comemorações do Ano Sacerdotal em todas as Igrejas Particulares têm o rosto de seus respectivos presbitérios, estando, obviamente, ao seu lado ou à sua frente o seu Bispo diocesano. Embora passe como acontecimento no calendário da Igreja, o Ano Sacerdotal haverá de se prolongar no tempo, em razão das lições que dele são extraídas e dos frutos colhidos, quaisquer que sejam os ângulos de sua visualização. Um desses ângulos de visualização é o olhar eclesial; com efeito, o presbítero não pode se ver senão na perspectiva da comunhão com a Igreja de Cristo, a que serve, construindo a unidade com seus irmãos presbíteros, em seu respectivo presbitério ou em sua comunidade religiosa. Durante a 48ª Assembleia Geral, a CNBB, no contexto do Ano Sacerdotal, expressou aos sacerdotes brasileiros um profundo agradecimento por sua “total dedicação e amor a Jesus Cristo e à missão da sua Igreja” reconhecendo “a disponibilidade em servir o povo de Deus em suas necessidades mais profundas, com especial atenção aos mais pobres, aos jovens e doentes.” Nessa linha, o Regional Nordeste 2 propôs aos seus sacerdotes um exemplo de seus quadros do passado, um ícone sacerdotal de serviço aos mais necessitados – o Pe. Ibiapina, sacerdote diocesano, apóstolo da caridade, missionário nordestino do século XVIII. Na verdade, é um exemplo de vida e missão para todos os sacerdotes. A causa dos pobres, a atenção aos excluídos de seu tempo, o pioneirismo do trabalho em mutirão, na solução dos problemas comunitários, a pedagogia do voluntariado nas muitas frentes de atividades, que suscitou, são iluminações para o serviço missionário que faz parte do ser e do ofício do presbítero. Por sinal, dentro da programação do Ano Sacerdotal no Regional Nordeste 2, foi muito significativa a romaria de cerca de seiscentos presbíteros a Santa Fé, no Município de Solânea – PB, onde está sepultado esse Servo de Deus, com a participação de milhares de fieis romeiros que, mensalmente, celebram a sua memória e se inspiram em sua espiritualidade, em sua prática evangelizadora e em sua ação pastoral.
Felizmente, são muitas as lições que ficam do Ano Sacerdotal. É importante percebê-las através dos frutos concretos na vida de cada sacerdote e de seu presbitério. Em cada Igreja Particular, Instituto de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica, segundo a natureza de sua vivência desse ano especial, são colhidos muitos frutos, mediante o reavivamento da consagração sacerdotal ou por um novo norteamento da vida de muitos presbíteros. O encerramento das comemorações do Ano Sacerdotal, no dia 11 de junho, ao celebrar-se a Festa do Sagrado Coração de Jesus, propicia ao sacerdote a oportunidade de renovar a razão de seu sacerdócio. Que cada presbítero, imitando as virtudes do Cura d’Ars, possa recolher no acervo de seu coração agradecido as lições desse Ano Sacerdotal. As graças especiais, que fecundam a sua vida, produzirão frutos de boa qualidade, no desempenho de seu ofício sagrado.
