Nos dias 28 e 29, a Comunidade Moisés Libertador, na região Episcopal Belém, em São Paulo (SP) acolheu representantes das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), dos oito sub-regionais que compõem o Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) para sua reunião colegiada.
As lideranças contaram com a assessoria do bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernadino, que fez uma análise da atual conjuntura eclesial, apontando as CEBs como uma forma privilegiada de se viver a Igreja como comunidade. Apontando a necessidade de as lideranças persistirem nesse modelo de Igreja, que está atenta à realidade de seu povo e disposta a se organizar para conquistar a dignidade dos mais excluídos.
“As nossas identidades e missão se encontram e dão-se as mãos às causas do movimento popular, porque são as causas dos pobres, marginalizados, é a causa do reino de Deus”, disse o assessor do Setor CEBs da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Sérgio Coutinho.
Em razão do que o assessor da CNBB destacou, a manifestação das CEBs diante dos assassinatos ocorridos em Nova Ipixuna (PA) será constante. “Para nós a morte de uma liderança é uma tristeza enorme, defensores da natureza, da vida, foram assassinados covardemente, por essa direita que insiste em querer o Brasil para meia dúzia. Os nossos governantes não conseguem garantir a dignidade das nossas lideranças que estão ameaçadas de morte”, disse padre Severino Leite Diniz, da diocese de Lins.
A vivacidade das CEBs está registrada em documentos da Igreja, como o de Aparecida, em 2007 – capítulo 5, números 178,179 e 180, e no Documento 92 da CNBB: “Mensagem ao Povo de Deus sobre as CEBs”, resultado do 12° Intereclesial das CEBs, realizado em julho de 2009, em Porto Velho (RO), quando reuniu mais de três mil coordenadores de CEBs.
Segundo Sérgio Coutinho, as CEBs entraram nas novas Diretrizes da Ação Evangelizadora no Brasil (2011 e 2015), que apontam cinco urgências: Igreja em Estado permanente de missão; Igreja casa da iniciação à vida cristã; lugar de animação bíblica e da vida pastoral; Igreja comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena. O assessor apontou ainda a necessidade das CEBs se atentarem à juventude. “Como atrair mais jovens e nos aproximarmos mais deles, em suas diversas realidades (campo, cidade, periferia?). Essa deve ser também a nossa preocupação”, disse Sérgio.
Outro ponto discutido durante a assembleia foi a diminuição de vocações surgidas nas CEBs. Para Liz Marques, da coordenação estadual e membro da Comunidade Moisés Libertador afirmou que os padres precisam estar mais próximos da realidade do povo, como a que vive em sua comunidade com padre Omir Oliveira. Para ele, “as CEBs e a Moisés Libertador de modo especial, é uma comunidade que tem esse compromisso com a vida, é uma comunidade de pé no chão. As CEBs vêm do povo a partir de uma proposta evangélica, é um jeito todo próprio”, disse o padre avaliando que após ter acolhido a colegiada, à Moisés Libertador fica a certeza de que a CEB não está morrendo como tantos estão falando, pelo contrário, está bem viva”.