Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Esta frase, que era uma instrução amorosa de São Camilo de Lellis aos seus seguidores, inspira o dia dos enfermeiros, dos doentes, da pastoral da saúde e humanização hospitalar. É sempre bom, em tempos de cuidar, e da pandemia, celebrar a memória de São Camilo. Refazer espiritualmente a sua jornada no hospital dos Incuráveis em San Giácomo, onde entrou para curar-se de um ferimento da perna e acabou se tornando o Diretor da Casa de Saúde.
Fundou uma congregação para ajudar os enfermos, chamada, não por acaso, de “servos dos doentes”, onde se percebia e encontrava o próprio Cristo na pessoa do sofredor. Um dos aprendizados mais valiosos da pandemia, acredito, foi ter despertado nos trabalhadores e servidores da saúde (médicos, enfermeiros, maqueiros, administradores hospitalares) um olhar vocacional, compassivo e certamente mais humanitário.
Recordar o legado de São Camilo é vivenciar que os enfermos são as pupilas dos olhos de Deus e o que fizermos pelo último deles o teremos feito ao próprio Deus. Dias atrás, o Papa Francisco foi operado de diverticulite intestinal, da qual está se recuperando bem. Partilhou, como experiência pessoal, a importância da proximidade do médico e do agente da saúde, que nenhum tratamento pode dispensar a sensibilidade e o olhar atento e focalizado na pessoa na sua fragilidade, mistério e dignidade.
Também, voltou a destacar a importância crucial dos sistemas públicos de saúde que tornam real e concreto o direito integral a ter um tratamento digno e justo, bem como um cuidado espiritual e humanitário. O termômetro de uma democracia, para ser autêntica e vigorosa, sempre será o acesso aos bens públicos (saúde, alimento e nutrição, educação, moradia, trabalho e segurança), mas, para nós cristãos será, além de garantir tudo isto para todos/as, testemunhar o amor e a misericórdia divinas, em especial aos mais pobres e desvalidos.
Ao final destas considerações, vale à pena lembrar uma oração de São Camilo: “Ao atender o doente: enquanto as mãos fazem o que devem, os olhos vejam o que lhes falta, os ouvidos estejam atentos aos seus pedidos, a língua lhe dirija palavras de conforto, a mente e o coração orem por ele. Mais coração nas mãos, irmão”. Deus seja louvado!
