Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Caros diocesanos. Estamos no Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo Papa Francisco, lembrando o centenário da promulgação da Carta Apostólica Maximum illud, com a qual Bento XV (30/11/1919) quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho. A centenária carta apostólica, escrita após a Primeira Guerra Mundial, considerou este evento bélico como “massacre inútil” e revelou a importância da missão primária da Igreja que é evangelizar, orientada a partir do próprio mandato de Jesus: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 19-20).
A proclamação do Mês Missionário Extraordinário tem como objetivo despertar a consciência da missão ad gentes (missão aos povos) e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral, de modo que todos os fiéis tenham verdadeiramente presente o anúncio do Evangelho e a transformação das suas comunidades em realidades missionárias e evangelizadoras (cf. EG 268). Neste sentido o tema escolhido é bem sugestivo: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em Missão no mundo”. Destacam-se os dois elementos característicos e inalienáveis de todo cristão: o batismo e o anúncio. O Papa Francisco pede vivamente que seja despertado o espírito missionário em todas as instâncias da vida e missão da Igreja e repete: “jamais nos seja roubado o entusiasmo missionário”. Seja um tempo privilegiado para a oração, a caridade, a catequese e a reflexão teológica sobre a Missão. Torne-se ocasião para reavivar em todos uma verdadeira conversão missionária e um autêntico discernimento pastoral para que fiéis e pastores vivam em estado permanente de missão (cf. 1ª Carta do Cardeal Filoni – Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos). O Prefeito recordou o chamado de Francisco “a reavivar o ardor e a paixão dos Santos e dos mártires, sem os quais nos reduziríamos a uma ONG que reúne e distribui ajudas materiais e subsídios“.
O Papa Bento XV em seu documento secular se referiu à Evangelização como “a grande e santíssima missão, confiada aos seus discípulos por Nosso Senhor Jesus Cristo”. Além disso, exortou aos prelados a serem “a alma” da missão: “Convêm que quantos na vinha do Senhor trabalham, de um modo ou de outro, sintam por própria experiência que o superior da Missão é pai vigilante e solícito, cheio de caridade, que abraça tudo e a todos com o maior afeto; que sabe alegrar-se em suas prosperidades, condoer-se de suas desgraças, infundir vida e alento aos seus projetos e louváveis empresas, prestando-lhes seu concurso, e interessar-se por tudo o que é de seus súditos como por suas próprias coisas”. O Pontífice recomendou ainda aos missionários para que evitem a influência dos nacionalismos; vivam com espírito de pobreza para não se deter em realidades alheias às espirituais; preparem-se diligentemente intelectual e tecnicamente; aprendam as línguas indígenas; e fomentem, antes de tudo a santidade de vida. Aos fiéis solicitou para animar as missões com a oração, o fomento das vocações e a contribuição material.
Estimados diocesanos. Seja o mês missionário extraordinário, que estamos vivendo, um momento privilegiado para reavivar em nossa vida a graça do batismo, que nos identifica como discípulos e missionários de Jesus Cristo. Portanto, a missão da Igreja é também a nossa missão. O Sínodo para a Amazônia é também nosso Sínodo.