Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul
À luz da Palavra de Deus, somos convidados e convocados pelo sucessor do apóstolo Pedro, o Papa Francisco, a vivermos a dimensão missionária da nossa vida de fé, a sermos uma Igreja em saída, que não tem medo de anunciar Jesus nos novos areópagos de hoje.
Os novos areópagos, onde devemos anunciar Jesus, não são lugares vazios, mas espaços altamente frequentados, onde encontramos pessoas que podem ter perdido o sentido do sagrado, da proximidade e presença de Deus em suas vidas. Muitas vezes levam no coração um vazio muito grande, mas, ao mesmo tempo, uma vontade enorme de encontrar respostas para o sentido da vida, a razão de viver no mundo e na realidade de hoje.
Em outro sentido, não devemos, entretanto, ficar presos à ideia de que os novos areópagos estão apenas nas grandes cidades e nas suas periferias. Essas realidades, sem dúvida, têm muitos desafios que tocam a vida dos homens e mulheres que lá vivem e que vão muito além da questão de fé. Trata-se de uma questão de dignidade humana. Um olhar mais atento do que está ao nosso redor nos dá uma visão mais aproximada da realidade onde se encontram os mini-areópagos que precisam ser evangelizados. Porém, antes, eles devem ser vistos com os olhos do amor, da compaixão e da proximidade, pois só essas atitudes curam as feridas que se fazem presentes na alma, sem esquecer, entretanto, as chagas que dilaceram o corpo.
Os mini-areópagos podem ser formados pela família, comunidade, bairro e também por outras realidades. Quando deixados de lado ou abandonados, formam eles os grandes e novos areópagos que, muitas vezes, nos assustam pela indiferença em relação à vida, à Casa Comum, à dignidade humana e às coisas de Deus.
Como Igreja, comunidade de fé, que se coloca na escuta de Deus e que alimenta a sua missão com o pão da Palavra e da Eucaristia, na oração e nas obras caridade, queremos continuar a nossa peregrinação de povo de Deus a caminho da casa do Pai, anunciando a Boa Nova do Reino, sem deixar de ser presença ou dar atenção às realidades que encontramos, descobrindo nelas os sinais de Deus.