Amazônia é esperança. É uma grande mãe que guarda no seu ventre o tesouro de imensas riquezas naturais, cobiçadas por aqueles que só vivem para explorar, comprar, vender, numa lógica de morte. Ela, ao contrário oferece o que tem, só gera vida! É uma terra ferida. Onde há desmatamento, destruição da biodiversidade, garimpo, prostituição, narcotráfico, urbanização selvagem, queimadas, poluição das águas.
A Igreja doa sua vida para missão na Amazônia. Incontáveis são os sacrifícios dos frades, padres, religiosos, leigos e leigas que evangelizam a região até os últimos rincões, nas condições mais difíceis. Hoje, essa região continua uma terra de missão pela situação particular em que se encontra. O número insuficiente de sacerdotes, religiosos e religiosas e poucos líderes leigos preparados à frente de uma comunidade, denotam que ainda a Igreja não atingiu seu desenvolvimento e metas.
É verdade que as áreas são enormes, existem comunidades numerosas nas cabeceiras dos rios ou igarapés, ou nos fundes de estradas e rodovias, elas não podem ser abandonadas e, se, no meio da mata, vive, uma única família sequer, também ela merece nossos cuidados pastorais. A experiência nos ensina, que em povoados distantes da sede paroquial, o anseio pela presença do padre ou do bispo é bem mais forte do que nos centros urbanos.
A solidão e o isolamento em que vive este povo às vezes, o total abandono por parte das autoridades fazem desta gente pobre e humilde “exultar de alegria” quando um padre chega em suas acostumadas desobrigas. Em nossas missões, quando visitamos os fiéis nas estradas, rios e seringais, gastamos bastante tempo para chegarmos até 1á, passamos muitos ramais tempo deslocando-nos, do que quando permanecemos nestas comunidades para evangelizar.
Nós, Servos de Maria, há 85 anos presentes nestes lugares, estamos muito contentes ao lembrarmos a generosidade e o sacrifício abnegado de alguns irmãos frades, freiras, e leigos(as), que doaram parte de suas vidas por este povo. Celebrando os 85 anos de presença aqui, não deixamos de recordar memoráveis pessoas que se destacaram e trabalharam em prol desta região, como D. Próspero Bernardi, D. Júlio Mattioli, D. Giocondo Grotti, fr. Egídio Rovolon, Miguel Lorenzini e muitos outros voluntários e voluntárias. Atualmente contamos com três freis de grande respeito o peso pelo longo tempo de seus serviços: fr. Ettore Turrini, fr. Paolino Baldassari e fr. André Ficarelli, que conservam vivos na memória a história e fatos daqui.
Ainda hoje, a evangelização continua a ser um desafio importante. Quem, pessoa ou Igreja, deseja responder ao apelo da Igreja da Amazônia, deve conhecer sua caminhada para não chegar com espírito colonialista.
A Igreja amazônica é chamada a inculturar-se, inserir-se nos múltiplos universos (índios, seringueiros e migrantes) e viver o pluralismo. Isso implica ajudar os povos locais a exprimir e celebrar sua fé em Cristo, na sua própria linguagem, símbolos, valores, suas expressões religiosas, sua visão de vida e mundo. Estamos buscando um rosto amazônico.
Deve continuar apoiando as organizações populares em suas iniciativas, como: desenvolver alternativas de produção participar de movimentos urbanos…
Frente à toda riqueza, à complexidade social, cultural, econômica e ecológica da Amazônia e a necessidade de atuar de modo lúcido e eficaz em sua missão evangelizadora, a Igreja tenta produzir uma teologia autenticamente amazônica. Nossa perspectiva enraíza-se na missão primeira da Igreja: Anunciar o Evangelho de Jesus e de seu reino como fonte de sentido e libertação. Diante da crise da nossa época a Igreja sente-se desafiada a: anunciar aos afastados, o núcleo do Kerigma: Jesus Cristo morto e ressuscitado, caminho verdade e vida para todo homem e mulher.
No serviço social, desenvolvemos um trabalho muito intenso, pe. Paolino, um padre de 79 anos, atende todos dias a umas 50 pessoas enfermas que buscam remédios, além dos exames médicos gratuitos aos pobres. Temos uma fundação chamada Amigos da Amazônia, funcionando sem fins lucrativos, onde atende várias crianças, jovens e cárceres com curso de informática, cerâmica e artesanatos. Também há várias escolas espalhadas pelos bairros da cidade para dá reforço escolar à aproximadamente 400 crianças carentes e necessitadas.
Não cansamos de lutar pela preservação da mata amazônica e do meio ambiente, fr. Paulino e fr. Heitor converteram-se em profetas, guardiões da floresta, denunciando, educando, conscientizando as pessoas, prova disso, é o reconhecimento das autoridades e a apreciação do povo.
Passávamos, neste último verão, um período muito crítico, pois o verão como nunca se havia visto, criou uma estiagem muito imensa, se via as queimadas destruindo a mata virgem, animais, casas, plantações… e a fumaça cobria os ares da cidade, doenças respiratórias e intestinais surgiam a cada momento, tudo isso, devido à falta de uma autêntica conciência social e à responsabilidade de alguns que só pensam em destruir e devastar a floresta. Agimos concretamente, enviando cartas às autoridades, como ao governador do Estado e à ministra do meio ambiente, cobrando e exigindo medidas urgentes. Também fizemos uma marcha pelas ruas das cidade em prol da relva.
Pela minha experiência como frade Servo de Maria mexicano, depois de andar 18 anos fora de minha pátria, conhecendo novas culturas e países da América do Sul (Colômbia, Argentina, Brasil e países vizinhos), posso dizer que a experiência missionária é uma aventura de fé, na qual cada dia devemos estar abertos para reconhecermos os sinais dos tempos, as expressões, tradições das pessoas e os símbolos culturais de cada comunidade, mas que em cada um, vemos a manifestação do infinito amor de Deus.
Certamente ser missionário aqui, significa priorizar o serviço pastoral e social pelos nossos irmãos mais necessitados, é levar a esperança evangelizadora que encoraje à fé e lutar para preservar o cenário criado por Deus, deixando-o que se mantenha vivo e seja uma floresta onde o homem e o Criador se encontrem outra vez e dialoguem harmoniosamente.
Estando aqui em Sena Madureira, há 10 anos, lugar duma paróquia que abrange 3 municípios com extensões territoriais enormes, confesso que nossas tarefas são muitas, porém, mesmo contando com poucos “trabalhadores” que somos, persistimos muito nesta terra de missão.
Fraternalmente: fr. Rodrigo M. Trejo León. OSM
