Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

 

Popularmente falando, costumam dizer que o líder já “nasce pronto”. Talvez seja até verdade, mas ele pode ser preparado, principalmente diante da existência de disciplinas bem definidas na formação de lideranças. Suas virtudes devem ser para os outros, que o têm como líder, a serviço do bem das pessoas. A capacidade de liderar é um dom necessário para construir a vida comunitária.

O grande líder da humanidade foi Jesus Cristo. Na linha do reinado praticado pelos reis do Antigo Testamento, Ele exerceu uma liderança focada no encontro com as pessoas mais fragilizadas de seu tempo. Já nasceu identificado como rei de todos os tempos, para unificar aqueles que não conseguem viver o espírito de fraternidade tão necessário para a realização humana.

No final do Ano Litúrgico, na Celebração da Festa de Cristo Rei do Universo, a Igreja retoma o tema do reinado, mostrando que Jesus nasce como Rei e chega à plenitude da vida humana com o mesmo predicado. Ele construiu uma história muito afinada com a prática da verdade e da justiça. Isto parece não ser comum entre as lideranças que governam dentro do clima dos últimos tempos.

Jesus era um líder que incomodava muita gente, porque Ele não admitia atitudes injustas na convivência e na administração comunitária. Criticava os exploradores do povo, como aconteceu na cena relacionada aos vendilhões no Templo de Jerusalém (cf. Jo 2,14-15). Mostrava que o exercício da verdade constitui expressão de grandeza para as pessoas, e de liberdade interior.

 O verdadeiro sentido da palavra rei é daquele que entrega sua vida para construir o bem dos outros e não faz prevalecer os seus próprios interesses. Ele pensa mais no coletivo do que em si mesmo. É uma realeza que não segue o modelo dos grandes impérios do passado, que tinham como prática explorar e massacrar a vida do povo mais simples e incapaz de reagir para se defender.

 O Sacramento do Batismo introduz as pessoas no reinado de Jesus Cristo, concebido como princípio unificador de toda a humanidade e também como centro de onde emana a vida e a dignidade de todos os seus seguidores. O alvo principal do reinado de Jesus era a fidelidade na realização do projeto de Deus-Pai, projeto esse de comunhão e de reconciliação para a vida em fraternidade.

 

 

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