Os cristãos devem ser reconhecidos no mundo pela marca distintiva do Evangelho – o amor. “Eu vos dou um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos.” (Jo 13,34-35) Os primeiros cristãos observaram essa ordem do Senhor porque os pagãos enxergavam essa nota distintiva de seu comportamento: “(…) eram estimados por todo o povo.” (At 2, 47) todavia, a fraqueza humana se revelou muito cedo na vida de pessoas, como Ananias e Safira (cf At 5,1-6), e na comunidade, a exemplo das divisões entre os coríntios (cf 1Cor 1,10-12). Na História da Igreja, a face da fraqueza também aparece em personagens e fatos: “Aconteceu, porém que, tão logo a Igreja começou a propagar-se, começaram a aparecer os hereges, seguindo doutrinas diversas daquela que tinha sido recebida dos Apóstolos, mas tomando o nome de cristãos, pois também criam em Cristo e d’Ele se diziam discípulos. Era preciso, portanto, um novo nome para designar a verdadeira Igreja, distinguindo-a dos hereges. E desde tempos antiqüíssimos, desde os tempos dos Apóstolos, a Igreja começou a ser designada como IGREJA CATÓLICA, isto é, UNIVERSAL, a Igreja que está espalhada por toda a parte, para diferençá-la dos hereges, pertencentes às igrejinhas isoladas que existiam aqui e acolá.”

Não obstante os sinais de fraqueza, conforme a Carta a Diogneto, documento do século II, os cristãos eram admirados pelo seu modo de viver: “Os cristãos não são diferentes dos outros homens nem pelo território, nem pela língua, nem pelo modo de viver. Eles não moram numa cidade exclusivamente sua, não usam uma língua própria, nem levam um gênero de vida especial. A sua doutrina não é conquista do pensamento e do esforço dos homens estudiosos, nem professam, como fazem alguns, um sistema filosófico humano. Moram em cidades gregas ou bárbaras, como coube em sorte a cada um, e, adaptando-se aos costumes de vestir, de comer e em todo o resto de vida, dão exemplo de uma forma de vida social maravilhosa que, segundo todos confessam, é inacreditável. Habitam na respectiva pátria, mas como estrangeiros; participam em todas as honras como cidadãos e suportam tudo como estrangeiros. (…) Todas as terras estrangeiras são uma pátria para eles e todas as pátrias são terras estrangeiras. (…) Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põem a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu;. obedecem às leis estabelecidas, mas através do seu teor de vida superam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. Não os conhecem e condenam-nos; dão-lhes a morte e eles recebem a vida. São mendigos e enriquecem a muitos; encontram-se privados de tudo e tudo têm em abundância. São desprezados e no desprezo encontram glória; difamam-nos e é reconhecida a sua inocência. São injuriados e abençoam; são tratados de modo insolente e eles tratam com reverência. Fazem o bem e são punidos como malfeitores; e, embora punidos, alegram-se quase como se lhes dessem a vida. Mas os que odeiam não sabem dizer o motivo do seu ódio. Numa palavra, os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo, e os cristãos estão em todas as cidades do mundo.”

As festas do povo, como o carnaval, podem ser vividas de modo cristão, no espírito do Evangelho e à luz da Carta a Diogneto; evitadas, obviamente, a extravagância moral e a violência social, também praticadas por cristãos.

Dom Genival Saraiva de França

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