Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba, MG

O então momento histórico mundial passa por mudanças muito rápidas, numa velocidade difícil de ser acompanhada pelo normal dos humanos. Assistimos a uma provocação incontida de transformação, assentada na cultura do consumo desenfreado. Isso causa, sem dúvida, uma profunda vulnerabilidade em tudo e chegamos até perder a capacidade de relações duradouras e estáveis.

Por outro lado, encontramos também quem faz todo esforço para assegurar um conservadorismo incompatível com as estruturas modernas. Criamos choques de realidades ideológicas e práticas, até emperrando o processo da mentalidade que persegue um futuro com moldes ainda totalmente inconcebíveis. Mesmo com os altos e baixos da história, não há como paralisar mudanças subsequentes.

Jesus usa a palavra transfigurar, começando a prática por Ele mesmo. Mas um caminho que começa na cruz, nas renúncias e na capacidade de doação, de partilha e de construção do bem comum. Essa é a mudança necessária que precisa acontecer no Brasil, superar o egoísmo, as injustiças e as irresponsabilidades, que provocam o sofrimento e a morte de grande parte dos cidadãos do país.

Todos os brasileiros, de bom senso, estão decepcionados com a forma como o poder é exercido pelos governantes, com marcas de opressão e violência. A grande certeza é que eles não têm a ultima palavra, porque ela pertence a Deus, e é o que traz conforto. Mas não impede que haja luta para mudar o atual cenário. As mudanças necessárias dependem da força organizativa do povo.

Na dimensão da transfiguração de Jesus, todos os reinos da terra passam, vão à falência, porque eles se contrapõem, e perderão a hegemonia. Eles causam um ambiente hostil e feio, mas estão submissos à bondade e à misericórdia, mas justa, de Deus. Deve ser instaurado um reino diferente, fazendo com que a história da humanidade seja marcada pela justiça e o amor verdadeiros.

A transfiguração está apoiada na fé e na esperança, na certeza de que as dores, os sofrimentos e os problemas do mundo deverão ser superados. É fundamental ter sempre acesa uma chama de vida nova, não só na glória futura, mas também num mundo melhor, aqui e agora. Usando a Constituição Federal, devemos proclamar que o poder está nas mais do povo. É só exercê-lo.

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