Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O Dia Internacional da Mulher tem sido, por vezes, um momento de expressar a auto-estima feminina, o empoderamento social e político, o protesto legítimo contra a violência e o feminicídio. Tudo isto tem relevância e atualidade, no entanto, torna-se necessário também um olhar de gratidão, reconhecimento e admiração do quanto elas contribuem para o crescimento e evolução da humanidade como um todo.
O mundo, sem a presença feminina, numa visão antropológica de alteridade, reciprocidade e complementaridade homem-mulher, ficaria sem essa mentoria e inspiração, que nos leva a cuidar das pessoas e da Terra, a agir com gratuidade e generosidade, com altruísmo e desprendimento, com a ternura que aprimora e confere ao amor sua qualidade de delicadeza, singularidade e atenção aos detalhes.
Certamente, que prefiro mulheres amadas a armadas ou descaracterizadas, embora devêssemos descobrir em todas o sorriso, a carícia essencial e a saudade da inteireza do ser que elas nos ajudam a encontrar. De fato, aprendemos, com seu convívio, a inteligência emocional e social, um conhecimento mais integrado, sentipensante e harmonioso, que nos ensinam a nos tornar dádivas e dons para os outros.
A nossa civilização está em profunda crise ética e de paradigmas organizacionais, o que nos leva a repensar seriamente nossos relacionamentos, nossos olhares e formas de tratar e conviver com a natureza e as demais criaturas. Quando celebramos o dia da mulher, não podemos esquecer o horizonte do sonho do Reino, um relacionamento mais amigo, parceiro, criativo e amoroso no sentido pleno entre o homem e a mulher, que seja verdadeira expressão e sinal da Aliança esponsal do Deus misericordioso e compassivo com a humanidade. Que o Deus da ternura e entranhas maternas abençoe e ilumine as suas filhas! Maria, Mãe da Vida e Nova Eva, rogai por nós!