Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Ao celebrarmos o dia e a semana da mulher, queremos fazer ressoar o contributo que elas têm a oferecer para que o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 aconteça: Fraternidade e Diálogo, Compromisso de Amor. Não se trata apenas, como se afirmou num slogan bem intencionado, “Não dê flores, dê voz para elas”, senão de estabelecer um diálogo adulto, equânime, harmonioso e complementar, superando paternalismos e preconceitos.
A visão bíblica, longe de legitimar a dominação da mulher, a coloca no mesmo patamar de dignidade e igualdade que o homem, chamando-a a complementar uma interlocução e alteridade que vêm dar inteireza e plenificar a experiência e condição humana.
O cristianismo veio para promover integralmente a situação da mulher, a partir do próprio Jesus que dialogou com a samaritana, defendeu a mulher oprimida do apedrejamento, era amigo de Maria e Marta, e contou com Madalena como a apóstola dos apóstolos, anunciadora da sua Ressurreição. Conhecemos os nomes de importantes lideranças das primeiras comunidades: Priscila, Herodiana, Júnia e Febe.
Mais tarde, com a presença das virgens e mártires, testemunhamos a heroicidade e fidelidade a serviço do Reino e no amor ao pobres. E, completando essa galeria de mulheres destacadas na caminhada da Igreja e da sociedade, as doutoras e sábias: Santa Catarina de Sena, Hildegarda de Bingem, Santa Teresa de Ávila, Edith Stein, e muitas outras que se tornaram mestres de espiritualidade e do diálogo amoroso com Deus e os irmãos.
A teóloga católica, Jutta Burggraf, no seu artigo no Lexicon do Pontifício Conselho para a Família, citando São João Paulo II, falava da necessidade de uma “perspectiva de gênero” que, tutelando o direito a diferença entre homens e mulheres, promova uma verdadeira e integral co-responsabilidade no trabalho, na família e na sociedade, que transpareça relacionamentos cordiais, agápicos, de ternura e partilha.
Só considerando a mulher um dom, um presente divino, uma aliada, parceira e amiga da vida, superararemos a odiosa violência feminicida, e seremos capazes, com Maria a Mãe de Jesus, de construir uma história de comunhão, libertação e de humanização plena para vivenciar uma Nova Criação e cuidar plenamente da Terra. Deus seja louvado!
