“O longo amanhecer – cinebiografia do economista Celso Furtado”, do cineasta e professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, José Mariani, foi exibido num dos painéis desta quinta-feira, 21, durante o 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, na PUC-Rio. A produção, premiada com o Margarida de Prata em 2006, faz parte da série de filmes ganhadores do prêmio da CNBB, que está sendo exibida durante o Muticom.
Após a exibição, houve um debate com Mariani, com a jornalista e diretora do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Rosa Furtado; com a diretora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, Angeluccia Habert; e com o professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, Ricardo Ismael.
“O longo amanhecer” mostra, através de depoimentos de intelectuais, as contribuições de Celso Furtado para o desenvolvimento industrial e econômico do país. Com sua trajetória pessoal acompanhando a história do Brasil, o documentário constrói um panorama recente da situação do país. Celso Furtado morreu em novembro de 2004.
Rosa Furtado ressaltou a atualidade do documentário e do tema apresentado por ele. De acordo com a jornalista e viúva de Celso Furtado, os problemas que o economista abordou no filme, de 2004, podem ser trazidos para hoje. “Algumas coisas mudaram, como o desemprego que diminuiu, mas ainda insiste a pergunta que está no final do filme: o que é o Brasil?”
A professora Angeluccia fez uma leitura metafórica do filme e disse que o longa coloca a ideia de que “pertencemos a esta história” e que as novas gerações, ao entrarem em contato com o filme, poderão refletir a sua relação com a economia e a política brasileiras.
A qualidade do pensamento de Furtado foi exposta por Ricardo Ismael. O cientista político ressaltou quatro pontos fundamentais das ideias defendidas pelo economista. “O Celso sempre tentou atualizar o conceito de desenvolvimento, sempre pensou em um projeto nacional para o país, que englobasse os 26 Estados. Ele foi um servidor público exemplar, atuando com ética pública, e tinha uma capacidade de criar e elaborar instituições”, expôs Ismael.
Mariani contou detalhes dos bastidores da produção de “O longo amanhecer”. O diretor revelou que começou o filme com depoimentos de pessoas próximas a Furtado, e foi isso que ajudou a despertar o interesse do economista, com problemas de saúde na época das gravações: “Foi difícil conquistar o entusiasmo do Celso. Depois que filmamos os depoimentos de pessoas próximas, e elas logo depois ligavam para ele dizendo que tinham contribuído, esta emoção foi construindo o entusiasmo dele”.