Por ocasião da Cúpula do Clima (COP 30), que está sendo realizada em Belém do Pará, Brasil, de 10 a 21 de novembro, o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), presidiu uma Eucaristia na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, onde convidou a conversão interior diante da crescente crise ambiental e humana que afeta o planeta.

Diante dessa realidade complexa, o cardeal Spengler pediu relações renovadas com Deus, com os outros e com a criação, mencionando que somente através da reconciliação a vida pode renascer. “A questão que envolve todos nós tem a ver com a qualidade de nossos relacionamentos: com nós mesmos, com os outros, com Deus e com o meio ambiente”, disse ele.

Ele ressaltou que o cultivo de relacionamentos saudáveis é o caminho – não um entre os outros – para enfrentar a crise climática e reconstruir um tecido social ferido pela indiferença.

“Para curar relacionamentos, você precisa de abertura de mente e coração, generosidade e humildade para reconhecer a necessidade de conversão e perdão”, disse ele.

O poder que destrói na frente do coração que escuta

À luz do Evangelho, o cardeal falou de duas formas de entender o poder: a de Herodes, centrada na dominação e na violência, e a de José, marcada pela escuta e obediência.

“Herodes representa um poder tirânico de morte. Nesse mundo, vale tudo, desde que o próprio poder esteja garantido”, alertou.

O arcebispo alertou que esse espírito ainda está presente hoje representado em estruturas que promovem o medo, a desigualdade e a destruição do meio ambiente. “A arrogância brutaliza e cega”, disse ele, ressaltando que o endurecimento do coração é uma das maiores ameaças ao ser humano.

Chamados a acordar e se levantar

Com base no chamado bíblico “Levante-se!”, Spengler encorajou a quebra da passividade diante da injustiça e da devastação ambiental. “Joseph foi exortado a se levantar, e nós também”, disse ele. Hoje, acrescentou, levantar-se implica agir com solidariedade, cuidar da nossa casa comum e defender a vida, especialmente a dos mais vulneráveis.

O líder religioso acrescentou que a fé cristã não pode permanecer indiferente ao sofrimento humano, nem ao grito da criação. “Uma conversão do coração à vida é urgente. Sim, a vida está implorando por atenção, respeito, cuidado e promoção”, disse ele.

A esperança que nasce do exemplo de Maria

Do santuário de Nossa Senhora da Nazaré, que anualmente reúne multidões de peregrinos, Spengler voltou seu olhar para Nossa Senhora da Nazaré, “nossa vida, doçura e esperança”. Em Maria, ressaltou, resplandece a fé vivida com ternura, solidariedade e oração.

No final de sua reflexão, o líder religioso pediu a intercessão de Maria pelos líderes do mundo e por todas as pessoas de boa vontade, para que seu exemplo inspire decisões corajosas diante da crise climática e social. “O cuidado da vida requer oração, atenção e prontidão, não agitação”, concluiu.