Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

“Então o Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7). Este é um dos versículos contidos na bíblia dos mais significativos, mostrando o sentido sobrenatural do ser humano, porque a vida é um dom especial, que veio do sopro de Deus. Aí está a marca sublime da individualidade e da dignidade da pessoa.

Pode-se entender que o nascimento do Menino Deus, no dia do Natal, expressa perfeitamente o fruto do novo soprar do Pai. Esse fato é antecipado com as Celebrações do Tempo do Advento, que conduzem as pessoas para as alegrias pela presença de Deus feito homem, assumindo as condições da realidade humana. Esse sopro continua naqueles que vivem na graça e no amor de Deus.

O nascimento de Jesus se repete com o passar dos tempos. O Natal é sempre novidade na vida dos cristãos e renovação de compromissos com a vida das pessoas e com a sociedade. Festa que nunca fica velha e sem sentido, porque a ação do Espírito Santo é sempre dinâmica e atual. Ele provoca a encarnação do verbo em novos tempos e com dinamismo para as novas realidades.

Na noite de Natal, por causa do sopro divino, a vida dos cristãos fica totalmente envolvida pelo esplendor da glória do alto, com a presença de uma criança aparentemente tão frágil, mas é o próprio Deus no meio do povo. Na vida humana de hoje também existe uma sucessão de nascimentos, porque cada um dos gestos novos constitui uma realidade nova e compromissos renovados.

Na data de 25 de dezembro podemos dizer com o Evangelho de Lucas: “Nasceu hoje o Salvador, que é o Cristo, o Senhor” (Lc 2,11). É agora chegada a plenitude dos tempos, o tempo da graça e do compromisso com a vida. Essa foi a indicação de Jesus, quando enviou os seus discípulos para o exercício da missão de evangelizar. É uma tarefa sem fronteiras e sem limite de tempo.

Natal é tempo de revisão de conduta pessoal, de olhar para o passado com olhos de misericórdia e de pedido de perdão pelos descompromissos e desvalorização das condições necessária para o valor e a dignidade da vida. É também momento de revitalizar as forças enfraquecidas, porque o ano está terminando. Tudo deve estar apoiado nas condições de esperança, para construir a paz.

 

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