Nossa volta às celebrações litúrgicas

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

Caros diocesanos. O tempo da pandemia causou profundas mudanças, não só nas dinâmicas sociais, familiares, econômicas, formativas e de trabalho, mas também na vida de nossas comunidades cristãs, sobretudo na dimensão litúrgica. Graças a Deus, novos tempos, lentamente, se vislumbram e a realidade nos permite voltar com maior frequência para participar da vida e missão em nossas comunidades. Como prometemos, hoje vamos apresentar alguns aspectos que o setor da Liturgia da Santa Sé emitiu em setembro passado, através de Carta do Cardeal Sarah, aprovada pelo Papa Francisco.

Na introdução do texto o autor mostra que já os primeiros cristãos valorizavam muito os seus encontros litúrgicos, inicialmente realizados nas casas e depois em templos, reconhecendo-os como casa de Deus e casa dos fiéis, onde pudessem reconhecer-se como comunidade de Deus, povo convocado para o culto e constituído em assembleia santa.

O distanciamento social da pandemia nos afastou temporariamente de nossas igrejas e celebrações, o que nos fez sentir o quanto são importantes em nossa vida cristã. A carta afirma: “Logo, porém, que as circunstâncias o permitam, é necessário e urgente retomar a normalidade da vida cristã, que tem o edifício igreja como casa e a celebração da liturgia, particularmente da Eucaristia, como o ‘cume para o qual tende a ação da Igreja e, simultaneamente, a fonte de onde promana toda a sua força’” (SC 10). Inspirando-se em mártires da Abitínia (séc. IV), a carta resume:

  • Não podemos viver, ser cristãos, realizar em pleno a nossa humanidade e os desejos de bem e de felicidade que o nosso coração acalenta, sem a Palavra do Senhor, que na celebração ganha corpo e se torna palavra viva, pronunciada por Deus para quem abre hoje o coração para a escuta;
  • Não podemos viver como cristãos sem participar no sacrifício da Cruz em que o Senhor Jesus se dá sem reservas para salvar, com a sua morte, a pessoa humana que estava morta por causa do pecado; o Redentor associa a si a humanidade e a reconduz ao Pai; no abraço do Crucifixo encontra luz e conforto todo humano sofrimento;
  • Não podemos viver sem o banquete da Eucaristia, mesa do Senhor, à qual somos convidados como filhos e irmãos para receber o próprio Cristo Ressuscitado, presente em corpo, sangue, alma e divindade como Pão do céu que nos sustenta nas alegrias e nas canseiras da peregrinação terrena;
  • Não podemos viver sem a comunidade cristã, a família do Senhor: precisamos encontrar os irmãos que partilham a filiação de Deus, a fraternidade de Cristo, a vocação e a procura da santidade e da salvação…;
  • Não podemos viver sem a casa do Senhor, que é a nossa casa, sem os lugares santos onde nascemos para a fé, onde descobrimos a presença providente do Senhor e descobrimos o seu abraço misericordioso que levanta quem caiu, onde consagramos a nossa vocação no seguimento religioso ou no matrimônio, onde suplicamos e agradecemos, exultamos e choramos, onde confiamos ao Pai os nossos entes queridos que completaram a sua peregrinação terrena;
  • Não podemos viver sem o dia do Senhor, sem o Domingo que dá luz e sentido ao suceder-se dos dias do trabalho e das responsabilidades familiares e sociais”.

Este contato físico com o Senhor, conclui a carta, é vital, indispensável, insubstituível. Por isso, é necessário que todos os que podem retomem o seu lugar na assembleia dos irmãos, redescubram a insubstituível preciosidade e beleza da celebração.

 

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