Dom Orani João Tempesta
Neste dia 24 de Novembro a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro recebeu com alegria o anúncio da nomeação de três novos bispos auxiliares. São eles: Mons. Pedro Cunha Cruz, Mons. Nelson Francelino Ferreira, Mons. Paulo Cesar Costa.
Anuncio a todos os queridos diocesanos que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, provisionou a nossa Igreja com esses novos irmãos auxiliares, que serão de uma imensa ajuda na missão evangelizadora nesta metropolitana cidade.
Hoje é dia de agradecer a Deus por todos os dons que recebemos e olhar com confiança para o futuro. Cada dia é um novo dia para que possamos dar passos e acolher o Senhor que conduz a história. Somos chamados a ver os sinais dos tempos e perceber o chamado de Deus para a vida de Santidade enquanto ajudamos com o testemunho e com a Palavra a construir um mundo mais justo e humano.
A extensão de nossa Arquidiocese e toda a sua vitalidade necessita de homens de Deus que assumam essa missão, e eu agradeço aos três pelo “sim” que deram, oferecendo mais uma vez as próprias vidas pelo Reino de Deus. Dentre tantos que poderiam ser escolhidos, quis, pela providência de Deus e ação do Espírito Santo, que o Santo Padre escolhesse esses irmãos. Peço a todos para que os acolham com muita alegria, fé e disponibilidade.
Após um tempo de reorganização das suas vidas e dos seus trabalhos, irão assumir a missão episcopal em nossa Arquidiocese. Já prevemos para o dia de São Sebastião, no dia 20 de janeiro de 2011, o juramento de fidelidade e a profissão de fé, e para o dia 05 de fevereiro, sábado, às 09 horas da manhã, em nossa Catedral Metropolitana de São Sebastião, a ordenação episcopal, para a qual desde já convido a todos para essa bela e importante solenidade.
Fico feliz em poder contar com esses irmãos que, juntamente com os demais que já estão nessa missão, para dividir o peso do dia a dia, e para que possamos ainda mais aprofundar o trabalho evangelizador em nossa Igreja Particular.
Agradeço vivamente ao Santo Padre o Papa Bento XVI que nos concedeu esses três auxiliares, com os quais a Igreja do Rio de Janeiro poderá avançar mar adentro para evangelizar mais profundamente todo o nosso tecido social.
Essa nomeação é anunciada no dia em que celebramos os mártires do sudeste da Ásia e quando iniciamos em nossa cidade a 50ª edição da Feira da Providência. São sinais que nos demonstram que somos chamados a testemunhar com generosidade e alegria a nossa fé mesmo em meio às provações, perseguições e dificuldades. Temos também o compromisso de continuar a missão que outros nos deixaram, em especial o trabalho social, procurando encontrar novos caminhos que respondam aos questionamentos de hoje, principalmente na construção da paz nesta cidade.
Amanhã, dia 25, celebramos o Dia Nacional de Ação de Graças! Convido todos os irmãos e irmãs para agradecermos a Deus pelo ano litúrgico que finda, e, antes de iniciarmos um novo ano no próximo final de semana com o tempo do Advento, somos chamados a reconhecer os dons e as graças que Deus nos concede a cada momento. Será também uma importante oportunidade de rezarmos e nos comprometermos com a Paz em nossa bela cidade.
Deste limiar do novo ano litúrgico posso também olhar o futuro com suas alegrias e dificuldades, com muita confiança e esperança de que faremos a nossa parte na história tão bela e importante de que somos herdeiros.
O que é um bispo? O ministério do Bispo é aquele doce serviço de amor. Ao mesmo tempo, realça a índole pastoral do poder episcopal, que tem essencialmente por objetivo a edificação do povo de Deus na unidade da fé e do amor. O caráter pastoral, o espírito paterno e o fim eclesial do poder do Bispo são evidenciados de maneira peculiar no seu santo serviço em favor dos sacerdotes, dos leigos e dos consagrados da Igreja diocesana. É recordado com particular insistência ao Bispo o estreitíssimo vínculo sacramental que o une aos sacerdotes, para os quais ele deve ser pai, irmão e amigo, a fim de fazer com que todo o presbitério cresça na fraternidade e naquela “obediência comunitária”, característica própria da identidade presbiteral, como indicou o Santo Padre na Exortação Apostólica pós-sinodal “Pastores dabo vobis” (n. 28).
O Bispo exerce os “tria numera”, que constituem a sua função pastoral. De fato, o Bispo é pastor enquanto evangelizador, santificador e guia do povo cristão.
O Bispo, mestre da fé e mensageiro da Palavra (munus docendi) tem o grave dever de ser o primeiro responsável pela evangelização e pela catequese, bem como a sua sensibilidade e atenção aos vários ambientes e meios para a difusão do Evangelho.
Como santificador do povo cristão (munus sanctificandi), o Bispo deve centralizar a sua vida na liturgia, centro da vida da diocese, sobretudo da celebração eucarística. Neste contexto são enfrentados também importantes temas, como a centralidade do domingo, a importância da piedade popular, o decoro dos lugares sagrados etc.
Do governo pastoral do Bispo (munus regendi) é evidenciado o radical espírito de serviço e de vigilância sobre o desenvolvimento da vida diocesana.
Os novos bispos auxiliares devem estar sempre em comunhão com toda a Igreja e, em especial, com o Arcebispo Metropolitano, mantendo e animando a ação pastoral orgânica. Somos chamados a refletir juntos sobre o que é melhor para a Igreja que está no Rio de Janeiro, e, como serviço generoso, amar o clero e sermos promotores da ação pastoral e evangelizadora.
Desejo-lhes, queridos bispos auxiliares, como meus estreitos colaboradores no meu governo da Igreja do Rio, a nos espelharmos unicamente na figura santa do Bom Pastor.
Com os novos auxiliares teremos mais possibilidades de aumentar as Visitas Pastorais, nas quais são enfrentados os problemas, principalmente no que diz respeito à organização paroquial em nossa megalópole, e também contar com mais assistência pastoral nos casos de necessidades particulares.
No rito de sagração episcopal, na hora da entrega do anel na liturgia da Sagração Episcopal, irei dizer aos eleitos: “Recebei o anel, sinal de fidelidade, e na integridade na fé e na pureza da vida guardai a Santa Igreja, noiva de Cristo”. A Igreja é “noiva de Cristo” e o Bispo é o “guardião” (episkopos) desse mistério.
O Papa Bento XVI disse aos bispos eleitos neste último ano que: “A missão do Bispo não pode ser entendida a partir da mentalidade da eficiência e eficácia, porque essas concentram a atenção primariamente sobre o que se precisa fazer, mas devemos ter sempre presente a dimensão ontológica, que é a base daquela função. De fato, o Bispo, pela autoridade de Cristo, da qual é revestido quando senta à sua Cátedra, é colocado “acima” e “à frente” da comunidade, porque ele é ‘para’ a comunidade, à qual dirige a sua solicitude pastoral (João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Pastores Gregis, n. 29).
A Regra Pastoral do Papa São Gregório Magno, que poderia ser considerada o primeiro ‘Diretório’ para os Bispos da história da Igreja, define o governo de pastoral como “a arte das artes” (I, 1.4), e precisa que o poder de governo “rege-o bem quem sabe com ele levantar-se contra as faltas e a partir dele ser igual aos outros […] e domina sobre os vícios, antes que sobre os irmãos” (II, 6)”. “Grandes são as responsabilidades de um Bispo para o bem da diocese, mas também da sociedade. Ele é chamado a ser “forte e decidido, justo e sereno” (Congregação para os Bispos, Diretório para o ministério pastoral dos Bispos Apostolorum Successores, n. 44), para um sábio discernimento das pessoas, da realidade e dos acontecimentos, exigidos pela sua tarefa de ser “pai, irmão e amigo” (Ibid., nn. 76-77) no caminho cristão e humano.
Particularmente esclarecedoras são, a esse respeito, as palavras de uma antiga oração de Santo Elredo de Rievaulx, Abade Cisterciense: “Tu, doce Senhor, tendes colocado alguém como eu à frente da tua família, das ovelhas do teu pasto […] para que pudesse ser manifestada a tua misericórdia e revelada a tua sabedoria. É prazeroso à tua benevolência governar bem a tua família através de tal homem, para que se veja a sublimidade da tua força, não aquela do homem, de tal forma que não tenha o que se vangloriar o sábio na sua sabedoria, nem o justo na sua justiça, nem o forte na sua força: porque quando esses governam bem o teu povo, és tu que o governas, não eles. E, portanto, não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória” (Speculum Caritatis, PL CXCV).”
O que desejo dos novos colaboradores? Que façam nossos fiéis viverem a santidade. Uma Igreja inteiramente animada e mobilizada pela unidade e caridade de Cristo, Cordeiro imolado por amor, é a imagem histórica da Jerusalém celeste, antecipação da Cidade santa, resplandecente da glória de Deus.
A Virgem Maria alcance para a nossa querida Arquidiocese, animada com novos bispos, a ser abundantemente revestida da força do alto (cf. Lc 24,49) para irradiar a santidade de Cristo. A Ele seja dada glória, com o Pai e o Espírito Santo, nos séculos dos séculos. Amém.
Aos três irmãos sacerdotes, ora nomeados para a solicitude de meu ofício de Arcebispo do Rio de Janeiro, empenho o meu abraço fraterno, o louvor a Deus pelo Sim que deram a Deus e à Igreja e as boas vindas nessa missão que continua, agora com essa colaboração mais próxima.