Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O teólogo e exegeta, Gerhard Lohfink, sempre destacou nos profetas a capacidade visionária como dom de Deus de imaginar novos relacionamentos e formas de convivência a partir da Aliança. Advento é tempo de ir de esperança em esperança ao encontro do Deus Conosco.
Da abertura generosa e criativa ao futuro que nos vem na forma de uma criança indefesa e amorosa. Leva tempo tornar-se criança, expressava Pablo Picasso a respeito da sua pintura, porque supõe um novo olhar, deixar para trás o embaçamento e cansaço dos nossos olhos, para descobrir e desvelar a jovialidade e as surpresas de um Deus que vem por caminhos inusitados de ternura e de Paz. Ser de novo tocado pela sensibilidade e compaixão do verdadeiramente humano, abandonando preconceitos e reducionismos que nos manipulam e contagiam nossa fé, na sua vivência fraterna e responsiva.
De sentir, como diz Santo Agostinho, os anseios mais profundos do nosso coração de ser tudo aquilo que queremos e devemos ser por vocação. De recomeçar, com alegria, trilhas novas, de deixar para trás o peso dos ressentimentos e feridas passadas, para renascer com Cristo.
Lembrar que o Presépio é possível como indenização da nossa vida, que Belém, a Casa do Pão, está próxima de quem é solidário e justo com os pobres. O Advento é ao mesmo tempo promessa e empenho, dom e tarefa, de caminharmos juntos rumo à realização cada vez mais plena do Reino de Jesus. Importa com Maria, a timbaleira (a que mantém o ritmo) da esperança, não desistir ou ficar parados, mas nos esforçarmos em testemunhar, com paixão e renovado vigor, a presença do Senhor que vem para salvar e transformar.
Que possamos, com os pastores e os pobres e pequenos da terra, nos deixar comover uma vez mais com a doçura e encanto do Menino Deus, que vem para trazer a Paz e a alegria da filiação divina e nos tornarmos uma só família de irmãos libertos e reconciliados. Deus seja louvado!