O amor matricial que permanece, cuida e liberta

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

 Uma das descobertas na pandemia que está nos afligindo, foi a criativa proposta de enfermeiras, do denominado prontuário afetivo, tratando de resgatar do anonimato pessoas intubadas. Sem dúvida, inspirado por um amor matricial que busca dar identidade, proximidade a pessoas anônimas que, numa UTI, encontram-se, claro, sem ninguém desejar, reduzidos às funções vitais mínimas.

Querer dar um rosto, interessar-se pelo nome, história, é ter entranhas de misericórdia, não renunciar à empatia com a qual nascemos. Sim, Deus, na sua infinita sabedoria, nos confiou a uma mãe para que aprendamos com ela a ser pessoas, a deletrear o verbo amar em todas as conjugações, tempos e modos.

Ter uma mãe, explica Vergniaud, é  tornar-se um ser humano reticular, que é capaz de relacionar-se, ter sentimentos, emoções, descobrir, como afirma São João Paulo II, que fomos criados para a comunhão e na comunhão. Por isso, quando, hoje, certas lideranças ensinam a retórica do ódio, do xingamento por atacado, da política do inimigo, do direito penal do inimigo ou ainda da necropolítica, política da morte, perguntamo-nos sobre como seria a mãe destas pessoas.

Claro, de repente não queriam que seus filhos terminassem reféns amargos e estéreis do ódio e da vingança. Que saudade temos de nossos dias de infância, do regaço materno ou, ainda, da nossa querida pátria mãe, cordial, acolhedora, risonha, expresso com boniteza e propriedade  na imagem do coração da mãe brasileira onde sempre cabe mais um!

Ao celebrarmos esta data consagrada ao amor matricial queremos, não só expressar gratidão e reconhecimento para com as nossas mães, em especial aquelas falecidas e vítimas do COVID, mas ir além da iniciativa da ONU e da FAO que, nos países em desenvolvimento, investem renda, tornando as mães em gestoras da economia familiar, tornando-as protagonistas e líderes do mundo pós-pandemia.

Sim, as mães precisam ser a alma da civilização, da ternura, do cuidado e da partilha, pois só teremos um desenvolvimento integral, solidário, sustentável e, verdadeiramente inclusivo, com pessoas com amor matricial que pensam o mundo como uma família integrada por todas as pessoas e criaturas da Terra. Que Maria, a Mãe de Jesus, proteja, ilumine e fortaleça nossas queridas mães. Deus seja louvado!

 

 

 

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