Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O encontro com Cristo Ressuscitado nos conduz à experiência do amor infinito e agápico de Deus. Ao recriar relacionamentos, já não vos chamo servos, mas amigos, vivenciando a Igreja como comunidade fraterna e solidária. Fica claro, neste Domingo, que quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. E São João apresenta a lógica da circularidade e permanência do amor, amor que leva a partilha ao cuidado e à Luz, porque o ódio e a desavença são as trevas.
O cristão vive para testemunhar esse amor misericordioso e compassivo, que tem como critério remoto de origem o Pai (como o Pai me ama) e critério próximo, o como Eu vos amei. O grande sinal de verificação da fé não serão os ritos, as tradições ou mesmo as doutrinas, que importam sim e têm relevância salvadora, mas o que nos diferencia mesmo é amar o irmão, pois quem não ama o Irmão que vê e diz amar a Deus que não vê, é um mentiroso, para São João.
Por outra parte, o amor é eficaz e frutuoso, se demonstra com obras, atitudes e um determinado e decidido empenho de fazer o bem a nosso próximo, em especial aos pobres. Por isso, a espiritualidade pascal constrói comunhão e resulta profundamente missionária, pois o apostolado sempre nasce da irradiação do amor e seu derramamento.
O amor rompe barreiras e preconceitos, incluindo na fé cristã, como vemos na leitura dos Atos, ao centurião Cornélio e aos pagãos como ele. Não dá para entender uma Religião que use do terror e do medo para conquistar, vê-se claramente nas suas práticas que não procede do verdadeiro Deus, que é Pai misericordioso, e envia o seu Filho Primogênito, não para condenar, mas para salvar o mundo. O amor, como afirmava o Papa Emérito Bento XVI, na Encíclica Caritas in Veritate, é a mola propulsora do desenvolvimento integral, solidário e sustentável que deve abraçar a pessoa inteira e a todas as pessoas. Que Bom será quando todas as religiões testemunhem e sirvam com alegria o Deus Amor revelado pelo Ressuscitado. Deus seja louvado!
