Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A Solenidade de Corpus Christi aviva em nós o amor a Cristo Eucarístico e nos impulsiona a caminhar com Ele, dando testemunho público deste maravilhoso e inestimável dom. Não é casual, nem aleatório, que nestes tempos de isolamento social, embora às vezes com um entusiasmo emocional, a piedade popular tem despertado essa profunda alegria e paz interior que nos dá a sua presença amiga e luminosa. Para os doentes, um remédio e antídoto que nos cuida e fortalece, curando tudo aquilo que nos sufoca e nos faz sofrer.
Para os que se sentiram angustiados e solitários, por este recolhimento sanitário, Jesus Eucarístico, desde os sacrários das Igrejas e comunidades, nos acompanha, fazendo-nos descobrir o que é a comunhão dos santos e o corpo místico de Cristo. Uma simples e sincera jaculatória, uma prece, ou ainda a piedosa devoção e prática da comunhão espiritual, nos devolve a certeza da vida eucarística em nós, e nos une e mantém como membros vivos desta fraternidade que abraça a Terra inteira.
Quando tudo parece esvair-se e derreter-se, o Sacramento da sua presença real e partilhada nos revela que, como Ele prometeu, está sempre ao nosso lado, nunca desistindo de nós, mas fazendo a travessia da vida conosco, como o peregrino misterioso de Emaús.
Na hora de pensar que tipo de sociedade ou até de comunidade eclesial queremos ser e viver na pós pandemia, ou na pandemia já neutralizada, certamente que deverá ter uma alma eucarística, cuidadora da vida, que acompanhe as necessidades e sonhos das pessoas, e que gere e faça acontecer a cultura da permanência libertando-nos do consumismo materialista, para comungar e fazer reinar a civilização da dádiva, do pão partilhado e da ternura para com todas as pessoas e criaturas da Casa Comum. Que Jesus, o Pão Vivo que alimenta o Mundo inteiro, nos torne cada vez mais justos, fraternos e solidários. Deus seja louvado!
