Aos quarenta anos do Concílio Vaticano II, seria pretensão fazer um balanço exaustivo do caminho ecumênico, consideradas a sua complexidade, amplidão e
prospectivas. Para sermos mais precisos, tomamos o decreto Unitatis redintegratio como ponto de partida e nos concentramos nas realizações ecumênicas mais significativas no cenário católico internacional. Abordamos em primeiro lugar a “teologia da unidade” que floresceu a partir do Concílio, coroada pela espiritualidade ecumênica. Esclarecemos a visão eclesiológica que distingue Igrejas e Comunidades eclesiais. Destacamos a unidade na diversidade, enquanto realização da comunhão multiforme da Igreja. Apresentamos os resultados mais significativos do diálogo ecumênico desde Paulo VI aos nossos dias e encerramos nosso artigo com a recente contribuição de Bento XVI. Para concluir, cinco considerações finais.
1. A teologia da unidade
Desde Unitatis redintegratio em 1964 até nossos dias, o magistério, a teologia, a pastoral e a reflexão ecumênica têm construído uma luminosa “teologia da unidade”. Participaram desta construção as Igrejas e Comunidades mais empenhadas no diálogo, a oração perseverante, os Conselhos e Assembléias ecumênicos, os teólogos e pastores que prosseguem as perspectivas abertas pelo movimento ecumênico internacional e pelo Concílio Vaticano II, as instituições inter-confessionais, as comunidades consagradas à unidade como Taizé, Chevetogne, Bose, Focolari e outras, sem esquecer a participação do Povo de Deus nas várias Comunhões cristãs. Em geral, a “teologia da unidade” tem um compasso ternário: a Trindade (princípio da comunhão), a Igreja (ícone da Trindade) e a humanidade redimida (chamada em Cristo à unidade salvífica entre a pessoas e destas com Deus Uno e Trino). Com esse triplo compasso teológico executamos a sinfonia da unidade – da qual Unitatis redintegratio é como uma partitura. Comecemos, então, com algumas de suas notas.