Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! De 10 a 21 de novembro deste ano de 2025, será realizada a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, também conhecida como COP30, em Belém do Pará. Essa importante Conferência das Nações Unidas, que contará com a participação de chefes de estado e delegações de mais de 160 países, nos dá a dimensão da preocupação com o cuidado da Casa Comum frente às mudanças climáticas que afetam o nosso planeta e atingem milhões de pessoas, que vivem muitas vezes em condições de vulnerabilidade social e econômica.  

O Papa Francisco, na carta encíclica Laudato Si (2015), já fazia um apelo sobre a importância do cuidado com a casa comum. O título recorda o Cântico das Criaturas, pronunciando pelo patrono da ecologia, São Francisco de Assis, no longínquo século XIII. Mas nos fala de uma realidade do presente, que manifesta o respeito e o cuidado com a vida de quem habita nessa “Casa Comum”. 

A terra, “casa comum” de todos nós, é nossa irmã e mãe, que nos sustenta e governa, com plantas e flores coloridas que embelezam o jardim da nossa casa, as planícies, as colinas e os vales; que produz uma variedade de frutos que servem de alimento para o homem, para os pássaros e para os animais das mais variadas espécies que habitam a “Casa Comum”, o planeta terra. 

Na carta encíclica “Laudato Si”, o Papa Francisco, como uma voz profética, recordava que a “irmã terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens, que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos”. (Lsí 2). 

Como cristãos, devemos estar comprometidos com a vida em todos os sentidos, mas também com a “Casa Comum”, que abriga todas as formas de vida. Não podemos silenciar ou nos acomodar, achando que é suficiente apontar as grandes agressões que sofre a nossa mãe terra, que seguidamente aparecem nas manchetes dos jornais e revistas dos mais variados tipos, ou seja, o desmatamento na Amazônia, o aquecimento provocado pelas indústrias, a desertificação de grandes extensões de terras, a poluição dos rios, as montanhas de lixo, fruto do consumismo e do descarte irresponsável, a falta de saneamento básico nas periferias das cidades. Se essas denúncias, que são muito válidas para uma conscientização global, não despertarem em nós o agir na realidade local, é sinal de que estamos contaminados pelo comodismo e pela indiferença em relação ao cuidado da “Casa Comum”.  

A “casa comum” vai ser bem cuidada e preservada para as próximas gerações quando tomarmos pequenas atitudes que estão ao nosso alcance e partem do nosso modo de agir, no dia-a-dia. Não jogando o lixo nos rios, à beira das estradas, ou no quintal da nossa casa. Podemos sempre cultivar um pomar, um pequeno jardim e uma pequena horta, onde é possível. Além de ser uma terapia, embeleza a propriedade e produz alimentos, melhora a autoestima de quem mora na casa, tornado o lugar e a cidade mais apresentável e agradável para viver. Podemos ter a tentação de ficar esperando por grandes decisões políticas e governamentais para mudar o mundo e deixarmos de agir e fazer, com responsabilidade, as pequenas coisas que dependem de nós e estão ao nosso alcance no dia-a-dia para cuidar da nossa “Casa Comum”. 

 

 

 

 

 

 

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