É sempre difícil e arriscado estudar um documento eclesiástico, seja qual for o prisma e interesse de estudo. Os riscos e dificuldades aumentam quando a leitura é feita
a partir de interrogações e perspectivas que não são nem centrais e nem decisivas para o documento em estudo. Cremos que tal é o nosso caso. Por isso já adiantamos ao leitor que é bem possível que por vezes algumas perguntas, reflexões e apreciações feitas não correspondam à natureza do texto analisado. São tentativas de abrir caminhos para uma leitura que, espera-se, tenha continuidade e aprofundamento.
O Documento de Aparecida (DAp) é um texto complexo. Há uma dificuldade e uma apreciação positiva a ser feita sobre o processo de produção do texto. A dificuldade é compreender como foi possível encontrar fórmulas consensuais no Documento, seja relativo às questões ad intra ecclesia, seja relativo às questões ad extra. Temos em mãos um documento que integra diversos graus de qualidade literária, uma grande diversidade de tendências, teologias, opções ideológicas, etc.
A apreciação diz respeito ao fato que as diferenças e, inclusive, divergências que se manifestaram na assembléia dos bispos não impediram a produção de um documento capaz de articular a ação missionária da Igreja católica no continente. O DAp dá novo vigor teórico, pastoral e estrutural para a Igreja em toda a AL e Caribe – se colocadas em prática suas orientações sobre a renovação da Igreja. Situa-se aqui o tema do nosso estudo, o diálogo.