Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

Dia 26 de julho é a data comemorativa de Santa Ana e São Joaquim, os pais da Virgem Maria e avós de Jesus. Por isso, comemora-se, também o dia do avô e da avó.  Aqui quero manifestar minha alegria e gratidão por tantos homens e mulheres que são avós e ajudam seus netos no caminho da vida, tendo o coração e os olhos serenados pela experiência, são capazes de fortalecer os que ainda têm muito a aprender. Especial destaque merecem aqueles avós que mostram a fé para seus netos. Eles mostram para crianças e jovens que a correria do cotidiano e a agitação ao nosso redor não durarão para sempre. Tudo passa. Será preciso aprender com a idade a adquirir sabedoria.  

É preciso estar sensível ao entardecer da existência. É o tempo de uma vida que tende a enfraquecer, quando as paixões se abrandam e a emotividade torna-se menos incitada; quando as fantasias se rendem menos às miragens.  É uma etapa na qual é preciso superar a contraposição entre idade da força, dos jovens, e idade da fragilidade dos idosos.  É necessário vencer a crise de sentir-se sempre doente, em busca de uma juventude perdida ou de um rejuvenescimento a qualquer custo. 

Certamente é difícil envelhecer. É verdade que a pessoa não pode ocultar sua velhice, mas nos idosos permanece a inteligência, a capacidade de meditar, a possibilidade de amar e de partilhar pensamentos, ideias e sentimentos. Tudo isso supõe que as pessoas se preparem para envelhecer.  

Importante é ser jovial, ainda que com idade avançada. Isso depende de uma profunda experiência com o Deus da Vida, como bem recorda o salmista sobre aquele que tem fé: “Mesmo na velhice dará fruto, estará viçoso e frondoso, para anunciar que Deus é reto.” (Sl 92,15-16).   

Envelhecer pode e deve ser entendido como um fenômeno de crescimento, aprendizagem e amadurecimento. Nunca é tarde para aprender, especialmente quando se trata de viver mais e melhor.  

Pesquisadores que conciliam geriatria e espiritualidade constatam como a busca de um sentido para a vida, a prática do bem e a fé em Deus, com o avançar da idade, amenizam o impacto dos sofrimentos e dos revezes da vida, e mais, melhoram as condições da saúde física e da mental. 

A espiritualidade no envelhecimento precisa despertar para o sentido de esperar no futuro. A finitude da vida não significa o fim de tudo e tampouco do ser. Muito bem nos recorda São Paulo: “Por isso não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia-a-dia.” (2Cor 4,16) Na beleza dessas palavras, está a certeza de que todo tempo é oportuno para crescer. Interiormente, sempre estamos avançando rumo a Cristo, superando limites e barreiras que nos impediram de amar livremente, como Jesus ensinou. Pode ser que a vida tenha endurecido um pouco o coração de algumas pessoas. Todavia, na velhice, se houver sabedoria, é possível “amaciar” essa rigidez.  

 

 

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