O Encontro Mundial das Famílias

Dom Orlando Brandes

Aconteceu entre os dias 14 a 18 de janeiro de 2009 na cidade do México o VI Encontro Mundial das Famílias em torno da temática dos valores.

O Brasil enviou 60 participantes. Além de enfocar a importância da família, a Igreja prefere não acentuar os problemas, mas apontar soluções. Daí o tema dos valores e a família. Nós iremos realizar no dia 24 de maio próximo, uma “Peregrinação Nacional da Família” no Santuário Nacional de Aparecida, com a mesma finalidade. É hora de defender a família.

O Papa Paulo VI dizia que “os maus são atrevidos e os bons são acanhados”. Não dá mais para permanecermos calados, acomodados e até nos entregando ao pessimismo no que tange a questões familiares. Pelo contrario, precisamos ser “profetas da família”, que é a mais antiga instituição da humanidade, é tesouro e patrimônio dos povos. É verdade que a família passa por crises, mas é indestrutível por estar radicada na história da humanidade, no psiquismo humano, na cultura dos povos e nas mais diferentes religiões e principalmente por ter origem divina (Gen 1,27).

Deus mesmo é uma comunidade familiar e autor da família humana. Nossa esperança é que toda a humanidade chegue a ser uma grande família, a partir dos valores de nossa comum dignidade e a necessidade de complementaridade e de fraternidade universal. A família é um bem para o mundo, uma necessidade para a pessoa, esperança da sociedade como berço da vida, ninho do amor, “útero cultural e espiritual” das pessoas.

Dentre os valores a serem salientados no âmbito familiar merece nossa atenção em primeiro lugar o próprio conceito de família: “comunidade de pessoas, unidas em matrimonio, aberta à transmissão da vida e educação dos filhos”. É na família que se dá a humanização da pessoa. Ali aprende-se a ser pessoa, supera-se o individualismo e se evita o coletivismo. Família é feita de presença das pessoas e da comunicação entre elas. Ali se aprende a comunhão com os outros e a doação de si.

Em segundo lugar, vem o valor da educação para o amor e a educação religiosa. O amor dos pais é o melhor modo dos filhos sentirem-se amados e impelidos a amar. Por outro lado, os joelhos dos pais, as mãos postas em oração, infundem nos filhos tal segurança, bem-estar e alegria que o mundo não pode tirar. Como está sendo difícil educar para a verdadeira sexualidade e a autentica religiosidade. Sem tais valores, não fiquemos surpresos se as paixões, o sexo, o álcool e as drogas adotarem nossos filhos. Que podemos esperar de uma criança que não sabe rezar, que ignora Deus e cresce sem limites e valores?

Em terceiro lugar vem o valor dos limites. A criança precisa do “não” para discernir o bem e o mal. Dizer “não” é próprio do amor exigente. A firmeza da educação confere segurança e abertura para a convivência. É pela disciplina que a gente se torna discípulo. Um pai forte e amigo, uma mãe equilibrada e feliz, são os primeiros educadores da escola do “saber ser”. Altruísmo, generosidade, gratuidade são as melhores heranças que podemos deixar para nossos filhos.

A arte de ser pai e mãe é a mais bela do mundo, porque os filhos são verdadeiras obras de arte desde o ventre materno. Os pais são colaboradores do Criador, construtores da sociedade, formadores de pessoas. Os pilares da família são: o diálogo, a oração, o perdão e a ternura. O melhor lugar do mundo é a nossa casa e o tesouro mais precioso é a família. No Brasil, revelou a pesquisa do IPEA, a família é o valor primordial. Vem antes da saúde, do trabalho e do dinheiro. Que assim seja. Ameaças, projetos de lei, crises se abatem sobre a instituição do casamento e da família. Precisamos defender a todo custo o valor e a centralidade, quer do matrimonio como da família, para  a serenidade dos filhos, a ordem social, a segurança pública e a sociedade equilibrada. A família é o eixo transversal de toda a ação pastoral da Igreja.

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