Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR) 

 

Ultrapassamos os quarenta anos quando a doutora Zilda Arns, médica, pediatra, criou a Pastoral da Criança no Brasil. Na ocasião, muitas mães choravam a perda de filhos por falta de alimentação adequada e escassa. O milagre aconteceu quando se implantou uma alimentação saudável, prática, nutritiva que salvou milhares de crianças da morte e da subnutrição.

Houve o primeiro encontro entre líderes preparados para visitar as gestantes, acompanhar as mães até o filho com seis aninhos de idade. Em todos os cantos do Brasil, a Pastoral da Criança teve presença marcante. A simplicidade da fé e da ternura, amor à vida, cuidado e disciplina alimentar aconteceu o grande milagre, salvando vidas. A graça aconteceu na disposição de formar milhares de líderes em todo o Brasil e fazer a experiência missionária do encontro, do cuidado, da celebração da vida, da fé, resultados conquistados. Hoje necessitamos de líderes para dar continuidade ao cuidado da vida.

O modelo de visitação encontramos em Maria, a mãe de Jesus, que, quando soube que sua prima Isabel estava grávida, foi imediatamente visitá-la. Prestar serviço, estar presente, dar afeto a uma gestante também gestante. No encontro, o diálogo, a oração, a esperança, a confiança em Deus, na humanidade escondida no seio de Isabel, João Batista, e no seio de Maria, Jesus, acontece também o encontro sem ver: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41). Vidas que se encontram, lágrimas de alegria encantam, a vida se torna mais bela e atraente.

Neste dia dedicado à Vida Consagrada, destacamos os corações que impulsionam o verdadeiro amor, dom da vida que nasce e se desenvolve para o Reino da felicidade eterna. Por sermos um povo de índole mariana, carregamos no coração a imagem da ternura da mãe que doou sua vida para que surjam vidas para a glória de Deus. O criador quis precisar da mulher para gerar seu Filho amado para o bem da humanidade. No encontro entre a divindade e a humanidade redimida, os sinais do universo estalam de alegria. Eis as figuras que o livro do Apocalipse de São João (Ap 12,1-10), com as imagens da mulher, do sol, da lua e das estrelas, pode ser aplicado tanto a Maria quanto à Igreja nascente. Na verdade, a Virgem se torna imagem e modelo da Igr eja exatamente por permanecer fiel aos caminhos e pensamentos do Senhor (Igreja em Oração).

A Igreja reconhece que a mãe de Jesus é excepcionalmente reconhecida pura e santa em vista de gerar o próprio Filho de Deus. Mas, também, fez merecer tal grandeza pela vida exemplar, pela dedicação, pela fé, pela esperança e pela confiança absoluta da presença e atuação de Deus em sua vida. Ela se dedicou totalmente para o bem da humanidade. Mostra para nós que carregou dentro dela a vida para a salvação de toda a humanidade. A fé popular reconhece e a Igreja estabelece definitivamente como dogma: ela, Maria, é modelo de vida perfeita, sem mancha do pecado.
Por essa significativa criatura humana, se torna para nós que cremos e confiamos na presença de Deus que a Sua mãe é também a nossa mãe, intercedendo por nós. Ela é a continuidade do afeto, do amor de Deus gerado nela, que concebe a vida para o amor. Seguimos confiantes com sua intercessão para que um dia sejamos levados para o céu. A mãe protege o filho, o filho é dádiva de Deus que tem o céu para todas as pessoas que se encontram, se ajudam, geram o amor no mundo.

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