Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
São Paulo VI, ao discursar na ONU em 1965, afirmou que a Igreja é especialista em humanidade. Onde ela está presente, sempre assume o compromisso de promover a dignidade humana, partindo de sua experiência de discipulado de Jesus Cristo. Nesse contexto, se encontra o valoroso desenvolvimento de todas as ações do Banco da Esperança, Projeto Esperança e Cooesperança. Dom Ivo Lorscheider, o gigante da esperança, é o patriarca de todo esse movimento e, a propósito, declarou: “Nós não queremos ver pessoas desanimadas, não queremos iludir ninguém, não queremos criar falsas expectativas, mas a esperança verdadeira”.
No início de outubro de 2021, a Congregação das Filhas do Amor Divino, que há 35 anos atua nesse projeto, comunicou à Arquidiocese sobre a decisão de encerrar a comunidade Mãe da Esperança localizada no Banco da Esperança, onde residiam três consagradas, transferindo-as para outras missões.
Essa nova situação exige, agora, maior empenho para manter viva a chama da solidariedade e da esperança em todas as iniciativas que Dom Ivo sonhou, concretizou e que foram continuadas por Dom Hélio Adelar Rupert. Igualmente, quero manifestar apoio para que nada do que já se conquistou se perca. Todos sabemos que, na história do Banco da Esperança, do Projeto Esperança e da Cooesperança, ocorreram diversas dificuldades e mudanças para manter vivo o ideal original, e não raras vezes foram necessárias adaptações.
Neste momento novo, acolhemos e auspiciamos bom êxito para a nova coordenação escolhida pela Colegiada do Projeto Esperança/Cooesperança. Quero agradecer, em nome da Arquidiocese, à Congregação das Filhas do Amor Divino, que continuará mantendo uma importante obra social no bairro Nova Santa Marta e a Ir. Lourdes Dill que atuou no Projeto Esperança/Cooesperança e no Banco da Esperança por 35 anos com a dedicação e articulação que alargou as fronteiras dos projetos para atingir os propósitos de uma economia solidária, o trabalho cooperativado, a agricultura ecológica, entre outras frentes. A itinerância é habitual na Igreja, e é fruto e obra do Espírito Santo, na linha do que escreveu São Paulo nas origens do Cristianismo: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1 Cor 3,6). Posso, portanto, afirmar que Dom Ivo plantou, a Ir. Lourdes regou e cultivou essa obra, e Deus, que nos quer todos irmãos, continuará a dar o crescimento. Ela não se encerra! O momento novo nada rompe com o belo passado, mas avança, fortalecendo a prática da Doutrina Social da Igreja.