O ministério de catequista na iniciação à vida cristã

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

Caros diocesanos. Estamos no mês de agosto, que costuma receber um caráter vocacional para os diversos estados de vida ou vocações específicas, pois todas são importantes na Igreja. Pelo batismo todos os fiéis adquirem igual dignidade, são chamados à santidade e convidados a evangelizar (cf. LG 32), em seu estado de vida.  

Hoje desejamos destacar os diversos ministérios e serviços prestados nas comunidades cristãs e na sociedade. São exercidos pelos leigos e leigas, como catequistas, ministros extraordinários/as ou outros servidores/as da comunidade. Em todos os estados de vida participamos da comunhão na mesma Igreja e estamos a serviço do bem comum. Entre estes ministérios vamos valorizar, na presente mensagem, as/os catequistas. 

Com certa frequência repetimos, em nossas homilias ou encontros de cunho catequético, que “uma comunidade sem catequistas não tem futuro”. É uma convicção que foi surgindo durante os numerosos anos de envolvimento no processo de Iniciação à Vida Cristã. Com isso estamos apontando para a importância de termos pessoas dignas e preparadas para transmitir a fé cristã, sobretudo para serem testemunhas dela, dentro da comunidade cristã. Sua missão é vital na comunidade, pois elas estão em contato direto com nossas crianças, adolescentes, jovens e, por vezes, adultos de nossas comunidades para a transmissão da fé, em nome da Igreja – comunidade de fé. Sabemos que não é uma tarefa solitária da catequese, entendida como simples transmissão de conteúdo ou doutrina, mas de acompanhar alguém para o encontro com Jesus Cristo, dentro da comunidade cristã. Para esse processo, o candidato precisa ser contagiado e atraído pelo testemunho de fé da própria pessoa do catequista, dos pais e familiares – primeiros catequistas, dos padrinhos/madrinhas e da comunidade. Neste contexto, lembramos o Papa, hoje santo, Paulo VI: O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas” (EN 41). 

A catequese atual procura inspirar-se nas fontes do cristianismo, ou seja, no processo querigmático-catecumenal que, junto com o conhecimento, conduz a progressivas celebrações (purificação e iluminação), concluindo-se com o tempo da mistagogia. Hoje necessitamos dessa catequese catecumenal e permanente, que conduz gradativamente para dentro do Mistério e ao compromisso de coerente vida cristã na sociedade. Evidencia-se que a catequese e a liturgia devem dar-se as mãos e caminhar juntas, alimentando-se mutuamente. Dessa forma, os candidatos à vida cristã farão, desde cedo, a experiência da relação “lex orandi – lex credendi” (lei de oração – lei de fé) dos primeiros séculos. Em que o modo de crer estava interligado com o modo de rezar (celebrar) para conduzir ao agir. Assim percebemos que há profunda relação entre o que celebramos (lex orandi) e o que cremos (lex credendi); e ambas não podem distanciar-se da consequente vida cristã (lex agendi ou operandi), sobretudo pelo testemunho de nossas ações. Dessa forma, podemos concluir que a Iniciação à Vida Cristã, de inspiração catecumenal, tem caráter progressivo de conhecimento, de encontro com o Senhor, de inserção operante na vida da comunidade e de testemunho social.  

Que o processo de Iniciação à Vida Cristã, orientado pelo espírito catecumenal dos primeiros séculos do cristianismo, possa ajudar-nos a esperançar e rejuvenescer nossas comunidades de fé. O Senhor abençoe nossas/os catequistas que receberam um dom especial de Deus e o colocam a serviço da comunidade de fé. 

 

 

 

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