O Missionário e seu testemunho de fé

Ele segue, radicalmente, o Mestre. Decidiu deixar tudo para seguir Jesus. Lá, em Amparo da Serra, MG, ficou a família, a enxada e a foice, os amigos e tudo mais. Com

um pequena mochila, de sandálias nos pés e um boné do MST na cabeça, rumou da Arquidiocese de Mariana-MG, para Porto Velho-RO. Estamos falando de Pe. José Geraldo da Silva[1], carinhosamente denominado Juquinha.

Seu jeito mineiro do interior, com aparência de um trabalhador comum, esconde um grande ideal, embora ainda bem jovem. Trabalha nas Paróquias de Santa Clara, periferia de Porto Velho, e Nossa Senhora da Conceição, em Candeias do Javari. Graças ao seu dinamismo na ação pastoral, novas comunidades vão se organizando.

Sua prioridade são as questões sociais, mas precisamente, o Movimento Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB. Organizou na Paróquia de Candeias a Cooperativa de material reciclável e a Comissão Justiça e Paz. Esta última, tão logo começou atuar, lhe custou perseguição do Prefeito Municipal de Candeias do Javari. Foi caluniado e processado pelo prefeito, juntamente com mais dois colegas.

De pouca estatura, mas não tem nada a ver com Zaqueu. Nunca subiu em árvore para ver Jesus. Ele o vê sempre no rosto dos excluídos, no meio de quem vive. Ele “não tem onde reclinar a cabeça”, literalmente falando. Lembra bem o povo mineiro tão acolhedor: onde se anoitece, se dorme. Sua cama é apenas uma esteira. Nunca rejeita café. Seguindo as recomendações de Jesus (Lc 10), come o que lhe oferecem, se oferecem (Porque será que está tão magrinho!!!) É muito difícil entender como alguém pode caluniar e perseguir alguém que nada tem, nada busca, senão justiça social e vida plena para o povo. É só olhando a cruz de Cristo que é possível entender, quando e porque seus seguidores são perseguidos, afinal “o discípulo não maior do que o Mestre”.

Juquinha é um pequeno grande homem capaz de se aniquilar “para que Cristo seja tudo em todos”.

Porto Velho, 18 de setembro de 2005.

Pe. Luiz Faustino

[1] Pe. José Geraldo da Silve, da Arquidiocese de Mariana, é missionário em Porto Velho (RO), desde setembro de 2003. É perseguido e ameaçado de morte pela autoridade do Município.

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