Nas mãos e linhas que vão tecendo o casaco, as meias, o cachecol. Nos cheiros de queijos, salames, linguiças, biscoitos, cucas e pães que aguçam o paladar. Nas frutas diversas e nas bancas de vinhos, cervejas e cachaças artesanais. O mundo da economia popular solidária se encontrou em Santa Maria (RS) para a festa justa e de cooperativismo, de 13 a 15 de julho.
Uma programação intensa com rodas de conversas, debates, seminários e reuniões. Trata-se da 25ª Feira Internacional de Economia Solidária (Feicoop), do 3º Fórum de Economia Solidária e 3ª Feira Mundial de Economia Solidária. O evento reuniu representantes de diversos países. Os povos indígenas apresentaram sua cultura, sua arte. Os povos quilombolas e comunidades tradicionais também compartilharam seus saberes. Muitas pessoas circularam pelos corredores, conversaram, trocaram experiências, comercializaram e adquiriram produtos.
A participante e expositora na Feicoop, Nelsa Inês Fabian Nespolo, da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol) e Justa Trama, uma cooperativa que atua na cadeia produtiva da moda, desde o plantio do algodão agroecológico até a comercialização de peças confeccionadas com essa produção, contou o que significa fazer parte da feicoop: “Estar na feira é uma renovação de energia. É um momento em que empreendimentos de economia solidária do Brasil inteiro se encontram, há troca de experiências, troca saberes e isso inspira um ao outro em continuar para frente. É um momento muito especial de comercialização, de a gente poder olhar os produtos que tem no universo do país, inclusive fora dos pais. Há também os debates, os confrontos e as trocas entre as pessoas”, disse.
Irmã Lourdes Dill, vice-presidente da Cáritas Brasileira e coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, na fala de abertura da Feicoop, destacou: “Hoje estamos comemorando 25 anos. Uma feira se faz de história, de cultura, não só de venda de produtos, mas existe uma feira de gente, existe uma feira de intercâmbios”. Dill lembrou que as feiras de culturas, de lutas, de resistências perduram porque “tem na sua base o povo, a fé, a esperança e a coragem”. “Vamos continuar a construção desse projeto que deu certo e repudiar e derrubar esse capitalismo selvagem que está aí, que não nos serve, que expulsa tanta gente do trabalho”, desafiou irmã Lourdes.
Luiz Cláudio da Silva (Mandela), diretor-executivo da Cáritas Brasileira, destacou a importância da Feicoop para o fortalecimento da economia solidária no Brasil e no mundo. “A feira de Santa Maria construiu um pensamento sobre a economia solidária, sobre os empreendimentos da economia solidária, sobre o tipo de bem viver. Construiu uma alternativa à supremacia do capital”, disse. Ele chamou a atenção ainda chamou à atenção para o período em que se aproximam as eleições 2018. “Temos um grande desafio neste ano de 2018, o desafio de colaborar na construção dos planos de governo. Precisamos colocar a solidariedade no pensamento da construção de uma alternativa de sociedade para esse país”, sugeriu.
Mandela reforçou que “a economia solidária tem de ir ao patamar de alternativa ao desenvolvimento dessa nação, juntamente com a agroecologia. Não vamos ficar fazendo embate com o a agronegócio, não. O plano de governo tem de ser a agroecologia como alternativa para alimentar a nação desse país”.
Com informações de Irmã Osnilda Lima com a colaboração de Henrique Alonso – Rede de Comunicadores/as da Cáritas Brasileira