Dom Leomar Antônio Brustolin 
Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

No dia 4 de outubro passado, dia de São Francisco, padroeiro da Ecologia, o Papa Francisco publicou a exortação apostólica Laudate Deum (Louvai a Deus), na qual aborda a grave situação do clima no planeta. O escrito marca os oitos anos passados do lançamento da carta encíclica Laudato si’, quando ele expressou a profunda preocupação pelo cuidado da nossa casa comum.  

O Pontífice denuncia que o impacto da mudança climática prejudicará cada vez mais a vida de muitas pessoas e famílias, e que muitas pessoas não estão assumindo o momento preocupante no qual estamos vivendo. O texto indica que a incorrência de fenômenos extremos, com períodos frequentes de calor anormal, seca, enchentes e outros flagelos, são apenas algumas expressões palpáveis duma doença que nos afeta a todos, embora pondere que nem todas as catástrofes podem ser atribuídas à alteração climática global.  

Corajosamente o Papa aponta que não falta quem culpe os pobres de terem demasiados filhos e procure resolver o problema mutilando as mulheres dos países menos desenvolvidos. Ele adverte que há uma reduzida percentagem mais rica do planeta que polui mais do que o 50% mais pobre de toda a população mundial. E adverte que o imenso crescimento tecnológico não foi acompanhado por um desenvolvimento humano quanto à responsabilidade, aos valores e à consciência.  

Francisco também analisa que as conferências sobre o clima tiveram progressos e falimentos, e que a crise não foi superada e isso está implicando em danos irreversíveis para a vida na Terra. Entretanto, faz um apelo para a COP28, em Dubai, esperando que o encontro leve a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente. Essa conferência pode ser um ponto de virada, caso contrário, será uma grande desilusão e colocará em risco quanto se pôde alcançar de bom até aqui. 

Amar toda a Criação de Deus fez São Francisco se tornar uma referência para o cuidado da vida humana e da natureza. Por alertar sobre a gravidade do momento que exige uma ecologia integral, Papa Francisco é um profeta da esperança.  

 

 

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