O que Deus uniu, o homem não separe

Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)

 

Neste 27º Domingo Comum, a Liturgia nos convida a refletir sobre a importância do Matrimônio e da vida em comunidade, além de nos lembrar da necessidade de um coração aberto à Palavra de Deus. As leituras de hoje nos oferecem uma rica tapeçaria de ensinamentos sobre o amor, a fidelidade e a responsabilidade que temos uns para com os outros. 

Na 1a Leitura (Gênesis 2, 18-24), encontramos a criação da mulher a partir da costela do homem, um relato carregado de simbolismo, que nos revela a profundidade da união entre homem e mulher. Deus, ao criar a mulher, não apenas a forma como uma companheira, mas a apresenta como uma parte essencial do ser humano. A frase “serão uma só carne” destaca a intimidade e a unidade que o Matrimônio deve refletir. Este texto nos ensina que o amor conjugal é um reflexo do amor de Deus, que deseja que os seres humanos vivam em comunhão e harmonia. A mensagem é clara: o Matrimônio é um sacramento que deve ser vivido com respeito, amor e compromisso. 

O Salmo Responsorial (Salmo 128) complementa a 1a Leitura, exaltando a felicidade e a bênção que vêm da vida familiar. “Feliz és tu que temes ao Senhor e trilhas seus caminhos.” Este salmo nos lembra que a verdadeira felicidade está enraizada no temor a Deus e na vivência dos seus mandamentos. A imagem da família como uma árvore frutífera simboliza a abundância de bênçãos que Deus derrama sobre aqueles que vivem em fidelidade e amor. A mensagem aqui é que a vida em família, fundamentada na fé, é um caminho de alegria e prosperidade. 

A 2a Leitura (Hebreus 2, 9-11) nos apresenta a figura de Jesus, que se fez um com a humanidade. Ele, que é o Filho de Deus, se identifica com os irmãos e irmãs, mostrando que a salvação é um dom que nos une. A passagem nos lembra que, assim como Jesus se fez parte da nossa condição humana, somos chamados a viver em comunhão uns com os outros. A mensagem é um convite à solidariedade e ao amor fraterno, reconhecendo que todos somos parte da mesma família de Deus. 

No Evangelho (Marcos 10, 2-16), Jesus aborda a questão do divórcio e reafirma a indissolubilidade do matrimônio. Ele nos lembra que o plano de Deus para a união conjugal é de amor e fidelidade. Ao responder aos fariseus, Jesus enfatiza que o que Deus uniu, o homem não deve separar. Essa passagem nos desafia a refletir sobre a seriedade do compromisso matrimonial e a importância de cultivar o amor e a compreensão no relacionamento. Além disso, Jesus acolhe as crianças, mostrando que o Reino de Deus pertence àqueles que se aproximam com a simplicidade e a confiança de uma criança. A mensagem é clara: a vida em comunidade e a vivência do matrimônio devem ser pautadas pelo amor, pela acolhida e pela abertura ao outro. 

Mensagem para a Vida Diária 

A Liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre a beleza e a responsabilidade do matrimônio e da vida em comunidade. O amor conjugal é um chamado à entrega mútua, à construção de uma vida em comum que reflita a união que Deus deseja para todos nós. A vida familiar, fundamentada na fé, é um espaço de bênçãos e crescimento espiritual. 

Além disso, a acolhida das crianças e a simplicidade de coração que Jesus nos ensina são um lembrete de que, em nossa vida cotidiana, devemos buscar a pureza de intenções e a abertura ao amor. Que cada um possa, em sua vida, ser um instrumento de paz e amor, construindo relacionamentos que glorifiquem a Deus e promovam a verdadeira felicidade. 

Que a graça de Deus nos ajude a viver esses ensinamentos em nosso dia a dia, tornando-nos verdadeiros testemunhos do amor divino. Amém. 

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