O relator-geral cardeal Hummes disse que Sínodo é um apelo à humanidade para salvar o planeta

O relator-geral do Sínodo, cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (Repam), conversou com Silvonei José, no sábado, 26 de outubro, a propósito do Documento final do Sínodo para a Amazônia.
“Os resultados são muito positivos. Acredito que o Sínodo conseguiu mostrar novos caminhos e fazer também uma reflexão sobre que tipo de novos caminhos são necessários neste momento. O Sínodo corre dentro dessa grande crise socioambiental que o mundo todo, que o planeta todo, está padecendo, está sofrendo, ou seja, uma crise climática, uma crise ecológica e junto disso, a crise da pobreza no mundo, dos pobres. Tudo isso, nós chamamos de uma crise socioambiental.”

Segundo dom Cláudio, o Documento final do Sínodo “deve ser lido não como se fosse um livro escrito por um autor que tem uma linha de pensamento muito conectado, com uma fluência muito grande. Esse é um Documento construído, e esse é o seu valor, por toda uma grande assembleia, construído por muitas mãos. O que é importante nesse Documento são os conteúdos. Não tanto se é belo literariamente, enfim. É um Documento pastoral, profundamente pastoral, e devemos ler os conteúdos”.

Na introdução do Documento final reafirma-se que:

Depois de um longo caminho sinodal de escuta do Povo de Deus na Igreja da Amazônia, inaugurado pelo Papa Francisco durante sua visita à Amazônia, em 19 de janeiro de 2018, o Sínodo foi realizado em Roma, num encontro fraterno de 21 dias, em outubro de 2019. O clima foi de trocas abertas, livres e respeitosas entre bispos, pastores da Amazônia, missionários e missionárias, leigos e leigas, e representantes dos povos indígenas da Amazônia. Fomos testemunhas participantes de um evento eclesial marcado pela urgência do tema que conclama abrir novos caminhos para a Igreja no território. Se compartilhou um trabalho sério em um clima marcado pela convicção de escutar a voz presente do Espírito Santo.

O Sínodo foi realizado em clima de fraternidade e oração. Várias vezes as intervenções foram acompanhadas por aplausos, cantos e com intervalos de silêncio contemplativo. Fora da sala sinodal, houve uma presença notável de pessoas vindas do mundo amazônico que organizaram atos de apoio em diferentes atividades, procissões, como a abertura com cantos e danças acompanhando o Santo Padre, do túmulo de Pedro à sala sinodal. Destacou-se a Via Sacra dos mártires da Amazônia, assim como uma presença maciça da mídia internacional.

Todos os participantes expressaram uma profunda consciência da dramática situação de destruição que afeta a Amazônia. Isso significa o desaparecimento do território e de seus habitantes, especialmente dos povos indígenas. A floresta amazônica é um “coração biológico” para a terra cada vez mais ameaçada. Se encontra em uma corrida desenfreada para a morte. Requer mudanças radicais de suma urgência e um novo direcionamento que permita salvá-la. Está cientificamente comprovado que o desaparecimento do bioma Amazônia trará um impacto catastrófico para o planeta!

O caminho sinodal do Povo de Deus na fase preparatória envolveu toda a Igreja no território, os Bispos, os missionários e missionárias, os membros das Igrejas de outras confissões cristãs, os leigos e leigas, e muitos representantes dos povos indígenas, em torno do documento de consulta que inspirou o Instrumentum Laboris. Enfatiza a importância de escutar a voz da Amazônia, movida pelo sopro maior do Espírito Santo no grito da terra ferida e de seus habitantes. Foi registrada a participação ativa de mais de 87.000 pessoas, de diferentes cidades e culturas, assim como de numerosos grupos de outros setores eclesiais e as contribuições acadêmicas e organizações da sociedade civil nos temas centrais específicos.

A celebração do Sínodo conseguiu destacar a integração da voz da Amazônia com a voz e o sentimento dos pastores participantes. Foi uma nova experiência de escuta para discernir a voz do Espírito Santo que conduz a Igreja a novos caminhos de presença, evangelização e diálogo intercultural na Amazônia. A afirmação, que surgiu no processo preparatório, de que a Igreja era aliada do mundo amazônico, foi fortemente confirmada. A celebração termina com grande alegria e esperança de abraçar e praticar o novo paradigma da ecologia integral, o cuidado da “casa comum” e a defesa da Amazônia.

Com informações do VaticanNews

 

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