Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

A solenidade da Assunção de Maria, transferida para o domingo seguinte, neste ano cai no 20º domingo do tempo comum, quando também, no mês vocacional rezamos pelas vocações para a vida consagrada, religiosos, novas comunidades, institutos seculares, sociedades e vida apostólica, consagrados seculares, é, primeiramente, exaltação da glória do Cristo: n’Ele está a vida e a ressurreição; n’Ele, a esperança de libertação definitiva! Por isso, todo aquele que crê em Jesus e é batizado no seu Espírito Santo no sacramento do Batismo, morrerá com Cristo e com Cristo ressuscitará. Imediatamente após a morte, nossa alma será glorificada e estaremos para sempre com o Senhor. Quanto ao nosso corpo, será destruído e, no final dos tempos, quando Cristo nossa vida aparecer, será também ressuscitado em glória e unido à nossa alma. Será assim com todos que caminharem nas sendas do Senhor.

Maria nos precede em tudo! Aquela que não teve pecado não foi tocada pela corrupção da morte! Imediatamente após a sua “dormição”, ela foi ressuscitada, glorificada em corpo e alma, foi elevada ao céu! Podemos, portanto, exclamar como Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu!” (Lc 1, 42.45)

A festa da Assunção de Nossa Senhora, a sua chegada a glória, nos aponta para nosso destino final. Nela aparece claro a obra da salvação que Cristo realizou! Ela é aquela Mulher vestida do “sol”, que é Cristo, pisando a instabilidade deste mundo, representada pela lua inconstante, toda coroada de doze estrelas, número da Israel e da Igreja! (Ap 12, 1). Por isso no Apocalipse lemos também a figura da Igreja junto a de Maria. A leitura do Apocalipse mostra-nos tudo isso; mas, termina afirmando: “Agora se realizou a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo!”Eis: a plenitude da Virgem é realização da obra de Cristo, da vitória de Cristo nela” (Ap 12, 10ab).

A Assunção de Maria é uma preciosa antecipação da nossa ressurreição e fundamenta-se na Ressurreição de Cristo, que transformará o nosso corpo corruptível, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso. Por isso São Paulo recorda-nos (1 Cor 15, 20-26): “Se a morte veio por um homem (pelo pecado de Adão), também por um homem, Cristo, veio a ressurreição. Por Ele, todos retornarão à vida, mas cada um a seu tempo: como primícias, Cristo; em seguida, quando Ele voltar, todos os que são de Cristo; depois, os últimos, quando Cristo devolver a Deus Pai o seu reino.

São preciosas as leituras dessa solenidade! A primeira leitura (Ap 11,19a;12,1.3-6ª.10ab) nos faz refletir sobre a mulher perseguida pelo dragão que apareceu no céu. Ele quer devorar a criança que está para nascer! Mas, quem é a criança e onde ficaria o deserto, onde, ela (a Igreja) seria escondida?  A mulher foi levada para o deserto. O autor do Apocalipse, com certeza, profetiza a salvação de Maria, preservada da morte e glorificada no céu – A Assunção de Maria ao céu! Satanás sempre quis a morte do ser humano, e Deus – Jesus Cristo: Deus e Homem – mediante sua força divina, manifestada na Ressurreição, vence o mal e garante a melhor recompensa para sua Mãe, impedindo-a de apodrecer na sepultura e glorificando-a pela Assunção em corpo e alma para o céu! Mas recorda também a missão da Igreja em gerar novas criaturas diante de uma sociedade que quer engolir os cristãos e impedir o “novo nascimento”. Incrível como isso ocorre ainda hoje.

Na segunda leitura (1 Cor 15,20-27) Paulo nos diz sobre a Ressurreição, pois Deus pôs tudo debaixo de seus pés. O demônio (a serpente) quis a morte do ser humano; mas Jesus veio para restituir-nos a vida divina! Quem está e permanece em Jesus Cristo não conhece a morte. Morremos em Adão e Eva, mas em Cristo revivemos para a vida eterna!

No Evangelho (Lc 1,39-56) a Virgem Maria, diante do Anjo Gabriel, declarou-se “Serva do Senhor”. Visitou Isabel para levar-lhe a primeira graça do Redentor: “A criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo!”. Maria olha a necessidade de sua prima e se coloca em prontidão. Mas o anúncio é claro: veio ao mundo o “Senhor” que estava sendo gestado no ventre de Maria, “aquela que acreditou”.

Ao celebrar a solenidade da Assunção, recordamos também que para nós brasileiros este ano temos a graça de celebramos o Ano Mariano. Recordamos os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do Rio Paraíba do sul. O nosso povo brasileiro precisa renovar e aprofundar a sua devoção com a Palavra de Deus. O “Ano Santo” proclamado pela Igreja no Brasil tem, exatamente, este objetivo: Aprofundar e documentar nossa devoção à Mãe de Deus. – “Doravante Todas as gerações me chamarão de Bem Aventurada, porque o todo poderoso fez grandes coisas em meu favor!”. Maria fez e nos ensina a fazer a vontade de seu Filho. Maria ensina-nos a amar e buscar o Reino de Deus. Aqui no Rio de Janeiro, junto com esse grande ano, vivemos também o Ano da Família, e essa solenidade encerra a Semana Nacional da Família. Com a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré pedimos a sua intercessão para que nos ajude a viver em famílias cristãs que levem Paz ao mundo de hoje, tão carente de pessoas renovadas em Cristo. Que o olhar para a Assunção, que nos aponta para o nosso fim último, nos ajude a viver no dia a dia com o coração aberto às inspirações do Senhor. 

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