Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora
Impelidos pela situação da pandemia do novo coronavírus, o último dia 1º de outubro se tornou para nós uma data muito especial. Foi a primeira vez que estivemos reunidos, clero e seu Pastor Arquidiocesano. Transportamos para esse início do mês, dedicado às missões, toda a santidade e unção pascal da Quinta-feira Santa, quando estivemos premidos a não celebrar, na ocasião, a Missa do Santo Crisma.
Quis Deus que, nesse corrente ano, este mês tão especial caísse numa quinta-feira. Outubro se abre com a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, a jovem do Carmelo a quem o Papa Pio XI constituiu Patrona Universal das Missões. Este é também Mês do Rosário, tempo de contemplar as maravilhas de Deus acontecidas na vida de Maria em benefício de toda a humanidade. Na récita do Santo Rosário, contemplamos os principais mistérios da nossa Redenção. Em outubro, celebramos a maior das festas marianas do Brasil, o Dia Nossa Senhora Aparecida, a Excelsa Rainha e Padroeira de nossa querida pátria brasileira.
A celebração realizada na última quinta-feira, em nossa bela Catedral, é chamada de Missa dos Santos Óleos. Nela, acontece a bênção dos Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e a consagração do Óleo do Crisma. Se o Óleo dos Catecúmenos serve para o Batismo, em preparação do grande dom de se tornar filho de Deus e membro da Igreja; se o Óleo dos Enfermos serve para os enfermos; o Óleo do Crisma serve para vários outros sacramentos, vários outros momentos. É usado também no Batismo, consagrando o peito, o coração e a vida de quem recebeu a regeneração na água batismal; é celebrado no Sacramento da Crisma, geralmente aplicado aos jovens, confirmando o seu Batismo; é derramado nas mãos dos neossacerdotes, aqueles que o Senhor, no seu mistério, escolheu, consagrou e enviou. O Santo Crisma é também utilizado para a consagração dos bispos, representando, de fato, a unção que Jesus Cristo recebeu e que, por misericórdia, passa para aqueles que escolhe e envia.
Assim como Cristo é o ungido do Pai, pela misericórdia Divina, alguns entre os batizados são escolhidos para perpetuar a Sua missão sacerdotal e a Sua missão de pregador, de evangelizador, de anunciador da boa-nova. E somos nós. Não pelos nossos merecimentos. Não somos padres pelas nossas virtudes, mas pela graça de Deus. Não somos ungidos porque merecemos, mas para que nos purifiquemos e sirvamos ao povo de Deus. A nossa missão, queridos padres, é a missão de Cristo. Missão que Ele mesmo confere aos apóstolos e aos sucessores destes.
Sejamos sacerdotes sempre renovados, segundo o coração de Cristo, o ungido do Pai. Somos chamados, consagrados e enviados para realizar o que Cristo realizaria se estivesse em pessoa física entre nós.
Com Santa Teresinha, o padre aprende a ser padre simples, amoroso de Deus e do próximo, cumpridor da vontade de Deus, zeloso pela salvação das almas. Que Deus nos dê a graça de sermos, ao menos um pouco, parecidos com Santa Teresinha em nosso agir. Amém.