O sorriso que desarma a guerra 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

 

 

Meus queridos irmãos e irmãs, que a paz de Cristo esteja com cada um de vocês! 

Hoje eu quero conversar

de coração para coração sobre um presente muito especial que acabamos de receber. No dia 18 de dezembro, nosso querido Papa Leão XIV publicou sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz. E ele escolheu um tema que mexeu muito comigo e tenho certeza de que vai mexer com você também: “Rumo a uma paz desarmada e desarmante”. 

Olhem que profundidade nessas duas palavrinhas. O Papa não está falando apenas de guardar os revólveres ou parar os tanques de guerra lá do outro lado do mundo. Ele está falando da guerra que acontece dentro da nossa cozinha, na fila do banco, no grupo de WhatsApp da família. Ele está falando do nosso coração. 

O que significa viver uma paz desarmada? Significa ter a coragem de baixar a guarda. Quantas vezes a gente já acorda “armado”? Armado de impaciência, armado de críticas, pronto para dar uma resposta atravessada se alguém pisar no nosso calo. O Papa Leão XIV nos convida a tirar essa armadura. Ele nos lembra que Jesus venceu o mundo não com a força da espada, mas com a fragilidade do amor. Ser desarmado é não ter medo de parecer fraco. É ter a força gigante de quem sabe perdoar primeiro, de quem sabe pedir desculpas. Você já experimentou a liberdade de não precisar ter sempre a última palavra? Isso é ser desarmado. 

E o que seria essa tal de paz desarmante que o Santo Padre fala? É aquela bondade que deixa o outro sem reação. Sabe quando alguém vem brigar com você, gritando, cheio de raiva, e você responde com um tom de voz baixo, com um copo d’água, com um sorriso sincero? A pessoa fica sem chão. A raiva dela não encontra onde bater. A sua paz desarmou a guerra dela. É isso que o Papa nos pede para 2026! 

Leão XIV nos diz que o mundo está cansado de violência, e que nós cristãos temos que ser o “remédio”. A nossa mansidão tem que ser contagiosa. Num mundo onde todo mundo quer ter razão, o cristão deve querer ter paz. 

Eu sei que não é fácil. Tem dias que a vontade é explodir. Mas a mensagem do Papa é um convite para olharmos para o presépio. O Menino Jesus é a coisa mais desarmada e desarmante que existe. Quem consegue ficar com raiva diante de um bebê recém-nascido? Ninguém! Diante da pureza, as armas caem. 

Então, meu irmão, minha irmã, vamos fazer um trato para esse novo ano? Vamos ler essa mensagem do Papa Leão XIV não como um texto difícil de teologia, mas como um manual para ser feliz em casa. Experimente “desarmar” seu filho adolescente com compreensão em vez de só cobrança. Experimente “desarmar” seu vizinho difícil com um cumprimento amável. 

Vamos transformar nossas “armas” de ofensa em ferramentas de abraço. O Papa conta conosco para espalhar essa revolução da ternura. Vamos juntos? 

Deus abençoe a todos, com uma paz desarmada e cheia de amor! 

 

 

 

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