Antes de tudo precisamos dizer que o cosmos e a pessoa divina, em quem cremos com convicção, são seres distintos. Não há a mínima chance de os seres contingentes (criaturas) fazerem parte do Criador. Os astros, as leis da natureza, os elétrons, são seres que existem fora de Deus. Afirmar o contrário seria panteísmo, linha filosófica bastante comum na história da humanidade. Por isso, estudar as leis da Física, de per si, não é um ato religioso. Não existe matemática cristã. O homem se aproxima de dados objetivos da natureza, e os procura dissecar e compor. A curiosidade faz a inteligência humana devassar os segredos que fazem os seres existir e funcionar. O homem quer conhecer a natureza de todas as coisas. Quer saber o como, e o por quê. É como fez Einstein, ao querer saber por que a seiva das plantas sobe pelos vasos de uma árvore, sem haver máquina para impulsionar para cima. Isso não foi um ato de religião, e muito menos uma expressão de ateísmo. Assim agindo, ele descobriu o funcionamento dos vasos capilares. Nós humanos devemos considerar todos os seres perceptíveis como distintos do Ser Divino. Embora sejam contingentes, eles tem existência própria. E como tais devem ser avaliados.
Por estar no centro do cosmos, os humanos devem considerar todos os seres como de existência objetiva, observando leis adequadas para a sua dissecação e aproveitamento. Diante do quadro espetacular da natureza deve descobrir que tudo é para ele, em última instância. Por isso deve se desprender dos seus sentidos e de seus instrumentos, para alçar a inteligência e suas emoções para um nível que ultrapassa todo o mundo perceptível. Sendo leal consigo mesmo, saberá reconhecer que ele não é o criador de leis da natureza, mas apenas seu modesto descobridor. Alguém, maior do que ele, o precedeu e tudo dispôs com infinita sabedoria. Para se elevar a esse patamar, precisa acolher as regras intelectuais da metafísica (aceitar a existência de fenômenos além da observação positiva). Mas precisa sobretudo abrir-se à fé, quando o homo sapiens se dirige ao Ser Supremo, reconhecendo nele a pessoa amorosa que engendrou todas as maravilhas do universo. “Pai, santificado seja o vosso nome” (Mt 6, 9).