O valor e a missão da Amazônia

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

 

5 de setembro é o dia da Amazônia. É um dia especial para toda a vida que se realiza nestas terras, e para a Igreja do Senhor Jesus Cristo. A Amazônia é chamada também de Floresta amazônica, o Rio Amazonas, os seus povos, os indígenas, os ribeirinhos, sobretudo, todo o povo que faz parte desta região enorme que ocupa mais de metade do Brasil. A Igreja sempre se preocupou com a Amazônia, seja pelos povos originários, os povos indígenas, seja pelas suas florestas, rios, nascentes, biodiversidades. Desde a ocupação da Coroa portuguesa, a Igreja teve duas vertentes: a missionária e a implantação da Igreja por meio de bispados. Diversos missionários de diversas ordens e padres diocesanos chegaram nos séculos XVI, XVII e XVIII para a região do Amazonas; foi uma verdadeira conquista espiritual, pelas distancias, estradas, florestas, perigos. Formaram-se os aldeamentos ou missões. Cristo aponta para a Amazônia, dizia o bem-aventurado Papa Paulo VI. Em 2007, a CNBB colocou para toda a Igreja um tema sobre a Campanha da Fraternidade que refletiu sobre a Amazônia. O tema era; Fraternidade e Amazônia e o seu lema: Vida e Missão neste chão. O texto dizia que a Amazônia é um imenso território da terra onde vivem povos originários ainda desconhecidos, uma riquíssima sócio-biodiversidade; tudo isso deve chamar a atenção do Estado, das autoridades para que freie a devastação para a sobrevivência de povos, o valor sagrado da vida.

Naquele ano, a CF dizia que era um convite para conhecer mais profundamente a realidade da Amazônia, a sua beleza, a sua biodiversidade; é um convite também para conhecer que tipo de desenvolvimento o pais busca se é aquele de adquirir riquezas através da devastação ou o respeito pela natureza, o meio ambiente e a vida humana. O seu objetivo geral da CF 2007 era: Conhecer os valores dos povos da Amazônia, as agressões que sofrem por causa do modelo econômico e cultural. Chamar a todos à conversão, para um projeto de desenvolvimento humano fundamentado nos valores evangélicos, seguindo a prática de Jesus, sobretudo com os mais pobres.

Nós temos a REPAM: Rede eclesial Pan Amazônica. Ela procura dar unidade na diversidade das atividades eclesiais em todo este território tão grande expressivo, respeitando as culturas, os povos indígenas, as águas, a biodiversidade, o povo de Deus que vive nesta região, as suas lideranças, pastorais e movimentos, serviços, a evangelização. Fortalece a presença de missionários e missionárias, pessoas ordenadas, religiosos e religiosas, leigos e leigas que anunciam o evangelho de Jesus Cristo e a sua Igreja nestas terras vastas de dimensões enormes com desafios e esperanças.

Nós teremos no ano que vem (Outubro de 2019) um Sínodo que falará sobre a Amazônia em Roma. O seu tema será: Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. O Papa Francisco convocou um Sínodo dos Bispos que se realizará em Roma, no mês de Outubro de 2019 sobre a Amazônia. Os novos caminhos devem ser feitos com o povo de Deus que vive na Amazônia, sobretudo os povos indígenas. A floresta Amazônica é muito importante para toda a humanidade com a sua rica biodiversidade e, sobretudo com os seus povos indígenas, mas que se tornou local de cobiça, de cultura do descarte (LS 16). A Igreja deve encontrar meios para um novo vigor à evangelização. É preciso diz o texto preparatório, anunciar o Evangelho de Jesus na Amazônia: dimensão eclesial-missionária. A Igreja é em saída, é missionária por natureza (cf. EG 46; AG 2, DAp 347) anuncia a Jesus Cristo, os princípios da paz e do amor a todos os povos. É preciso ver também o sensus fidei do povo de Deus que garante a unidade na diversidade. O Papa Francisco retomou este aspecto pelo Vat. II (LG 12, DV 10) e pela força do Espírito impele a ação evangelizadora. O sensus fidei ajuda a discernir o que vem realmente de Deus (EG 119).

Louvemos a Deus por estarmos na Amazônia e termos esta pare da terra tão expressiva e ao mesmo tempo tão cobiçada pelo agro negócio e outras formas de exploração. Procuremos viver bem com os povos da Amazônia, seja pela cultura de seus povos, sobretudo os povos indígenas, seja pela sua floresta a ser preservada, seja pelo Rio Amazonas, os seus rios fluentes, seja pela biodiversidade, seja pelo valor da vida humana diante da violência e morte de pessoas, lideranças comunitárias e eclesiais nessas terras cobiçadas, seja pela evangelização, seja pela presença da Igreja que proclama a fé, a esperança e a caridade, seja por Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, seja pela justiça a ser defendida diante das injustiças sociais, seja pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O Espírito Santo ilumine a todos. Nossa Senhora de Nazaré é a rainha da Amazônia, leve os nossos pedidos a Jesus Cristo, o seu Filho, imagem do Pai. Viva a Amazônia.

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