O zelo e a indignação contra os abusos espirituais

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos

 

O terceiro Domingo da quaresma nos apresenta o episódio da purificação do Templo. Revela um Jesus cheio de zelo pela Casa de Deus que os traficantes do religioso, os vendilhões, tinham convertido num mercado. Inspirado no profeta Isaias, o zelo pela Tua Casa me consome, derruba as bancas dos cambistas de moeda e as mesas onde se vendiam rolinhas para a oferenda no altar. Com esse gesto profético está a nos indicar a purificação e a conversão de atitudes que contaminam nosso relacionamento com Deus e nos conduzem à opressão e à violência contra os pequenos.

Quando usamos do poder religioso para dominar e manipular a consciência, agindo como mafiosos do sagrado, estamos a cometer abusos gravíssimos que ofendem ao Pai e machucam os irmãos, deixando lembranças e mágoas profundas. Quando transformamos a Igreja, ou a Religião, num empreendimento comercial, que busca extorquir dinheiro dos pobres, esvaziamos totalmente o significado do amor e serviço a Deus. Ou, ainda, a prática da intolerância e do fanatismo que intimida que julga e mata outras pessoas, por terem outras convicções religiosas ou diferentes expressões de fé, estamos longe da Aliança amorosa e compassiva proposta pelo Senhor.

Nenhuma Religião ou Igreja está livre de distorcer com abusos e atitudes sectárias e violentas a revelação divina, muito embora sejam muitas vezes ministros ou fiéis que não só mal interpretam a mensagem religiosa que lhes foi passada, mas que tratam de tirar vantagem pessoal, da influência ou da liderança que possuem.

A conversão quaresmal exige que limpemos o nosso coração e altar interior de toda esta escória que nos conduz a comportamentos indignos, autoritários e violentos, que oprimem os irmãos mais fracos e pequenos lesando a sua liberdade de consciência e religiosa. Que o Deus da Aliança e da Misericórdia nos permita servi-lo com amor e fidelidade, lembrando que “Somos Todos Irmãos!” Deus seja louvado!

 

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